O filão da autoajuda

Quando os brasileiros foram trancados nas suas casas, primeiro as editoras literárias correram buscando livros nos quais seus autores previram algo parecido com a pandemia da Covid-19. Uma espécie de efeito euforia por novos Nostradamus.

Lembraram-se de “A Peste” do Alberto Camus. Viajaram no tempo até 1826 para encontrar “O Último Homem” da Mary Shelley, e alguns outros. Escrito em 2014, a “A Realidade de Madhu” da Melissa Tobias apareceu na lista dos livros mais vendidos. A pandemia fez Melissa que escreveu ficção científica viver o seu momento “vidente”.

Os “videntes” foram uma introdução. O assunto é outro. O filão que também retornou com força total na pandemia. Os livros de autoajuda. Confesso ter tomado um susto semanas atrás. Quem eu vejo na lista de autoajuda e esoterismo dos mais vendidos da revista Veja? Joseph Murphy! Com trinta livros escritos, Murphy é um dos pioneiros da autoajuda. Na pandemia “O Poder do Subconsciente” ganhou uma nova edição.

Escrito em 1963, “O Poder do Subconsciente” foi o primeiro livro de autoajuda que comprei. Comprei outros depois, mas possivelmente o de Murphy foi o único deste estilo que li do início ao fim. É um dos clássicos do gênero. Joseph Murphy pertence a mesma extirpe de Napolean Hill e Dale Carnegie. Com centenas de herdeiros.

Em resumo, o livro pretende nos mostrar o poder que tem o subconsciente. Dando-lhe a sugestão correta, tudo o que desejamos pode ser conquistado. Uma saúde perfeita. Um casamento feliz. Ser um milionário. Fazer sucesso. O nosso subconsciente nos ajudará na empreitada. Mas atenção! Para que isto aconteça, é preciso evitar que a nossa mente consciente interfira no que queremos pedir ao subconsciente. Lendo parece “fácil” demais. Na prática... Muitas vezes, os livros são atirados num canto quando não no lixo.

Não sei se já existe uma teoria ou estudo neste sentido. A minha teoria. Muitas das pessoas que se veem e vivem como fracassadas no planeta, nasceram depois a leitura desses livros. Quando a expectativa de alcançar o “paraíso” através do poder mental, nos coloca a caminho do “inferno”. Claro, em tudo há as exceções, mas são como os milagres religiosos, raras.

Mesmo assim, o filão tem se mostrado inesgotável. Os apelos chamativos começam pelas capas e títulos desses livros. Uma caçada sem tréguas por presas chamadas de leitores. E sempre tem aparecido novos caçadores. Opa! Digo autores.

No momento, ocupando o topo da lista dos mais vendidos está “Os Segredos da Mente Milionária” de T. Harv Eker, seguido por “Desperte sua Vitória” de Willian Sanches. Há brasileiros como Thiago Nigro de “Do Mil ao Milhão sem Cortar o Cafezinho, e os singelos “O Milagre da Manhã” e “A Coragem de ser Imperfeito”. Fato. Se aproveitar do filão da autoajuda tem colaborado para que muitos “caçadores” fiquem milionários.