Repetentes
A vida é uma escola sem recessos, sem férias escolares e com muitos alunos. A maioria é repetente; não aprende facilmente, precisa de um reforço. Esses alunos têm um déficit de atenção, e o tempo, que é professor, não tem paciência.
O sistema de aprendizado da vida, nada lembra os ensinamentos de Paulo Freire: investigação, tematização e problematização. O mundo diz que, o aluno, como indivíduo social, é um recipiente vazio, e será preenchido de acordo com as lições da vida.
E, muitos, são conservados em determinadas matérias. Esse vazio, muitas vezes, é determinado no colo familiar, e quando o indivíduo migra para outras relações sociais, é administrado um tratamento de choque. Ele bate diretamente com a regra, uma anciã ditadora e reguladora de todos os passos sociais.
Daí, começa um embate, e a assimilação é uma questão de sobrevivência. Não acatar os conselhos da matriarca, é morte social. Mas ninguém é uma ilha, ficar fora do mapa é um estado de selvageria, já passamos dessa fase. De qualquer forma, o aprendizado baterá à porta, uma hora a lição chega, por bem ou mal.
No campo do sentimento é a mesma coisa; não dá para cultivar amor no solo devastado pela praga da tristeza. Não adianta plantar esperança em terra desconhecida, e nem acreditar nas palavras de um vendedor de ilusões. Transferir sentimentos é como transmitir patógenos, não é saudável.
Todo indivíduo tem um passado, uma sombra, referências, sensações subjetivas e desejos proibidos; faz parte da individualidade. O que não pode, é usar alguém como palco, para representar uma tragédia anunciada e merecer aplausos. Temos que aprender com as perdas, com os desenganos e com a dor; do contrário, estaremos alimentando um ciclo de mentiras.