sobre existir

Declarar, declamar... Amar...

Estamos em passagem constante, em existência, em sentimento ou somente de local. No inevitável da vida, damos conta de situações, cuidamos dos outros, às vezes, de nós. Às sete de alguma manhã, de algum dia, de algum lugar, entramos num carro, e no modo avião. Paramos, congelamos, fluímos, até que o sol reluz pela janela e paramos pra admirar, ou até, passeando com os olhos por breves horizontes, alguém lá fora se destacar... e nos chamar ao caos, à paisagem, ao momento... Evaporam-se horários, compromissos, engarrafamentos, pontes, semáforos. O corpo fixa, risos contidos nos retêm pelo olhar... Aquela súplica por algo a mais, aquele mais, nem que seja sair do carro, estacionar a vida. As buzinas incomodam, o sol queima, o corpo atravessa. Arrancamos mais uma vez, mas com a sensação de... Aquela sensação de que existem vários nortes. Vários! Risos escancarados nos tomam ao parar os olhos no retrovisor, na esperança de um último sorriso da luz daqueles olhos. Nada, ele só vai.

No inevitável da vida, alguns olhos passam... Alguns ficam, mas no geral... Ando esperando, mesmo que em sonho, aquele último sorriso... aqueles olhos, aquele corpo que passou “correndinho” por mim em alguma manhã, de algum dia, de algum lugar e me fez encarar o sol como onda todos os dias depois desse. Me inunda, me faz presente, me faz eu... Me faz eu no inevitável de todas as sete horas das manhãs que não mais perdi.

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Crônica publicada no blog: https://francielysampaio.blogspot.com/2020/06/sobre-existir.html

Franciely Sampaio
Enviado por Franciely Sampaio em 12/06/2020
Código do texto: T6975337
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