Promessas
Os amantes deixando suas impressões em forma de poesia. Narraram o fim de um amor escondido e proibido pela aliança do matrimônio. A esposa não era permissiva, mas sabia controlar a decepção. Tinha um senso apurado, olhos ávidos, ouvidos sensíveis e um coração magoado.
As promessas foram quebradas, o papel perdeu a eficácia e um abismo se formou. Ela já desistiu dele uma vez, mas ele a encantou. Falou que foi fraco, que não passou de aventura, mimos de uma cultura machista, que se perdeu em algum momento.
Acho que ele pulou algumas etapas da vida, e a síndrome de Romeu ou Don Juan seja seu calcanhar de Aquiles. Muitos anos juntos e distanciados, um bolo doido atravessado na garganta, pensamentos oblíquos, uma vontade de dá um chega pra lá nas vírgulas e fazer jus ao ponto final.
Uma carta com juras secretas dos amantes na gaveta, talvez, para acelerar os batimentos cardíacos e forçar os olhos a se exercitarem. Um peso na alma, uma direção sem setas, uma paixão pelas letras. Uma vocalização que foi silenciada pelo desespero, e um sentimento em rota de colisão com a confiança.
Nem tudo foi perdido, mas corações foram partidos. É preciso equilibrar a razão, e a emoção não pode ditar regras. Não existem chances, nem obrigação; apenas uma estrutura que se mantém de pé, apesar das ranhuras.
No fundo, no fundo, a felicidade se perdeu e a emoção acabou. Mas as patologias físicas falam mais alto; na saúde e na doença, também, foi uma promessa. Nenhuma relação é sustentada nos lençóis de seda, na aparência física e no fogo da paixão.