Exausto
O vento a me erodir os cabelos.
Sopra contra o meu trajeto.
Me empurra para trás.
Meu peito cansado arde me pedindo o descanso.
Mas insisto.
Sigo caminho.
A respiração segue o ritmo da minha passada.
Inspiro pelo nariz.
Expiro pelo boca.
Amenizo a combustão do meu peito,oxidado.
Não falo ,porque me canso mais.
Aprendi a não olhar o percurso ,pois só me inspira a desistência.
Olho para chão,pois nas pessoas me disperso.
E os buracos e pedrinhas miúdas podem me levar ao chão.
Não olho a estrada ,pois é cheia de veredas e em lembranças me perco.
Só paro quando atinjo a linha de chegada.
Nesse intervalo de tempo consigo não pensar.
Não sou nada.
No suor me esvazio de mim.
Vapor de água.
Apenas um corpo que corre.
Quilômetros por minuto,sou
Na volta o vento me ajuda.
Até a linha de chegada.
Chegada.
O cronômetro para.
E eu venho aqui todos os dias.
Pra pensar que toda essa velocidade faz sentido.
Aqui faz
No mais, eu nunca cheguei a lugar algum.