Nhanduti

Mãos que criam, que transformam, que constroem, que reciclam. Como é lindo ver a criação de alguém. Desde criança eu costumava me encantar com os trabalhos artesanais de minha mãe. Um deles é conhecido como Nhanduti, Renda sol, Tenerife ou Teia de aranha. É um trabalho que exige muita paciência e dedicação. Quando minha mãe se colocava a fazer a renda eu me sentava ao lado prestando atenção nas idas e vindas do fio de linha. Esses momentos eram maravilhos, pois minha mãe ia contando histórias para mim. Contava sobre sua infância, adolescência e muitas outras histórias. Talvez foi por isso que me tornei uma boa ouvinte. Gosto quando as pessoas contam suas histórias de vida. As minhas rendas preferidas eram as amarelas e as brancas, porquê assim eu as identificava como o sol e a teia de aranha respectivamente. De outras vezes eu me encantava com a borboleta. Desde então eu valorizo muito os artesãos, com suas criações únicas.

Minha mãe sempre teve mãos abençoadas. Tudo que ela se propunha a fazer ficava muito bem-feito. E entre um ponto e outro ela também se dedicava a suas deliciosas quitandas, a rosca rainha, de mandioca, o pão de queijo, o bolo de fubá, o bolo de três, e os bolos de aniversários dos filhos, sobrinhos e afilhados. E não pára por aí, quantas bonecas lindas que ela já fez. Eu ficava encantada com todos aqueles cabelos coloridos. Era o presente de aniversário das crianças da família. Esse lado artístico veio de sua avó que fazia renda de bilro e de sua mãe que fazia presépios de natal, cada ano diferente do outro. Muitas pessoas vinha a casa delas para conhecerem o tão famoso presépio.

Hoje eu e ela nos lembramos do quanto era bom aquela época. Tempos que se foram, mas que se mantém vivo em nossas memórias.