GINASIANOS. ESCOLA DE HOJE. INSUFICIÊNCIA E DISFUNÇÃO.
Fui um ginasiano do Colégio Salesianos, entidade que abraça o mundo em obras educacionais e assistenciais, fundada em Turim, Itália, por Dom Bosco. É instituição conhecida por sua excelência educacional. Meus tios paternos todos lá estudaram, meu pai integrou a docência do Colégio em Niterói, ensinando português, latim e geografia. Um tio lecionou matemática.
Meus filhos, sobrinho, sobrinhas e netas, estudaram lá.
Docência implica em discência. Não há uma sem outra. Se completam, se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças basilares não se reduzirem à condição de objeto, um do outro. Ginasianos antigos, legado da discência capacitada, hoje se espalham em atividades já idosos e no ócio. Grata educação plena, mesmo os que não estudavam aprendiam. Aprenderam aqueles ginasianos a ensinar. Ginasianos do hoje Fundamental II.
Quem ensina aprende a utilidade, e a distribui, mola mestra da vida. Quem aprende ensina ao aprender que será veículo de ensinamento. Quem ensina, ensina alguma coisa a alguém.
Fraqueja a educação, difusa, cosmopolita como alcance, respirando ares da modernidade, menos profunda, não enciclopédica quando enciclopédias eram “catadas” outrora, fuçadas para aprender algo. A mão de obra da pesquisa ajudava o ensinamento e o aprendizado, irmãos siameses vida afora; docência da discência abalizada.
Hoje basta um verbete no computador e salta aos olhos algo, via deformada internet, que desserve mais do que serve. Não em vão ouve-se que a pressa é inimiga da perfeição, e internet é pressa. E só serve a quem se serviu da educação abrangente, e pode tirar muito dessa ferramenta imaginosa e fértil, e formidável, diga-se, para amplidão de quem nada sabe e passa a saber alguma coisa, ainda que capenga, o coxo também anda, avanço nesses termos. Não só as cópias aparentes do plágio são caracterizadas, encarnando a contrafação na moléstia civil do direito autoral. Não dão crédito, plagiam literalmente. Ou dão crédito castrado. É visível para autoralistas.
O embate que se vê na educação é acanhado, ensina menos e forma mais. Aspirar aprender para ser inverteu-se em ser antes de aprender. Sem alfabetização exegética a disfunção é um mar revolto de impropérios avassaladores, dos que não tiveram a sorte ou por preguiça e negligência dos pais não foram nem ao ginásio efetivo, e como dizem âmbitos reclusos dos que querem manejar a língua sem conhecê-la, afundam em meia dúzia de vocábulos corriqueiros que acham bonito e guardaram no cofre da disfunção. Um fosso infinito. Um abismo profundo nos espaços abissais. Nisso o desastre que massacra a língua. Não tem fim.
E se debatem entre essas bordas das margens da educação os acéfalos do hoje, a derramarem impropriedades, ausentes dos ginásios de ontem, e vão morrendo pela estrada do não ter feito, sempre lamentado, e sucumbem nas vorazes deficiências do não ter sido um discente. Mas sempre é tempo de rever e estudar. Temos muitos exemplos como Cora Coralina e muitos outros. E que não mais sejam os docentes de hoje, egressos e conscientes de antecedência fecunda, só sala de aula, aqui também se pode ser útil. É uma experiência que trilhada traz recompensa.