OPINATIVO (1) - E o Senhor se arrependeu.
‘Deus não se arrepende’ é uma frase-expressão fácil de encontrar entre religiosos e pessoas que se consideram praticantes de crenças espirituais.
Na Bíblia, logo no Gênesis, há dois momentos em que a narrativa expõe a fraqueza de um ‘deus’ humanizado indicando que o Senhor (Deus) arrependeu-se dos feitos em relação à criação humana.
O primeiro momento está em Gênesis (6,6) quando a narrativa sugere que o criador lamenta ter criado o homem devido a sua maldade; o segundo momento aparece logo depois do dilúvio (Gênesis, 8,21) quando o Senhor se expressa, convicto, que nunca mais amaldiçoará o homem, os animais e a terra.
É claro, admitem-se muitas interpretações para estes dois momentos. Como para todos os demais, bíblicos ou não. Genericamente, pode-se partir de que o Antigo Testamento é histórico; o Novo seria apostólico, messiânico. Por aí tem lugar qualquer uma. A minha. A sua.
A minha opinião, neste momento (daqui a pouco ela pode mudar) remete a dois pontos. Deus é discurso. ‘O discurso vacila’. Como tal, como discurso, depende de um viés interpretativo inicial. Há muitos. Sem espaço e nem intenção para epistemologias, sim, ‘Deus’ vacila. Assim como o discurso vacila. E, Deus se arrepende.
Depois, ‘Deus’ criou o homem à sua imagem? Ou foi o homem que criou ‘Deus’ à sua imagem? Fico, neste momento, com o segundo enunciado. Portanto, em sendo assim, e somente assim sendo... ‘Deus’ carrega todas as imperfeições humanas: erra e se arrepende.
Se Deus é discurso ou uma divindade transcendental ou metafísica pouco importa em uma opinião. Porém, a nossa percepção, concepção ou qualquer tipo de interpretação só pode ser feita por meio do discurso.
E... em relação a Deus – na ação de crer ou descrer, a Razão é ‘deus’.