O INAPRECIÁVEL

O homem chega a beira do lago e se vê nu, e ali descobre sua melhor veste.

Desprendimento social!

Diz um ditado que quanto mais se tem; mais se quer!

Uma grande verdade humana, mas não para todos, havia um homem que era o avesso do avesso do outro lado de tudo.

Não era mendigo, por mais que se assemelhasse, nunca pedia nada, muito pelo contrário;apenas esperava.

Acreditava ser possuidor de uma grande coisa pela paz demonstrada, mas do jeito que vivia, muitos achariam que seria o contrário.

E estavam errados sobre ele!

Não tinha a indigência da felicidade.

Porque em si transbordava!

Morava nas ruas, seu teto era o desenho geométrico retangular das marquises.

Não tinha um suntuoso castelo, nem o mais humilde dos casebres.

Não tinha o melhor carro, nem a mais simples bicicleta.

Não usava roupas extravagantes, nem roupas de marca, talvez a mais simples que existia, só para não andar nu.

Tinha a inveja do desprendimento dos índios.

Não lhe chamava a atenção em ter fama,não lhe cabia nem um pouco a soberba.

Até a negativa lhe servia melhor; pela força do não.

Do não ter!

Na vida; abandonou a própria vida.

Foi daí talvez; que à tenha encontrado.

No desapego!

Seus dedos já não tinham pegada, pela leveza e desprendimento que tinha das coisas.

Conheci um homem que não preocupava de ser invejável,nem tão pouco ser reconhecido, não queria ser lembrado e não lhe preocupava ser esquecido.

Um dia lhe revistaram por inteiro, e o que acharam senão:

O nada!

Não sabiam, seu nome,nem a sua certa idade, nem onde morava, e se em algum lugar comia.

Conheciam seus passos pelo vai e vem no caminhar das ruas, por não ter onde ir,ou por poder ir a qualquer lugar.

Quando o viam passar pelas ruas, falavam lá vem ele, o inapreciável.

"O grande possuidor de nada"

( Do meu livro: Textos Avulsos)

( George Loez)

George Loez
Enviado por George Loez em 09/06/2020
Código do texto: T6972074
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