O Quadro da Parede do Quarto

Andou pela casa toda e num piscar de olhos descobriu, era aquele olhar desenhado num quadro pendurado na parede do quarto, que tanto palpitava seu coração.

De certo não era tão somente um quadro, mas a lembrança viva que estava dentro de si quando fechava os olhos e recordava todo amor vivido.

Então a cena se repetia quase sempre... Os beijos na varanda, as peles aquecidas por verões quentes e fogosos. Eles mais pareciam brasas acesas incorporando desejos, amantes naquela cena, dedicados e avivados por uma história que tinha sempre continuidade e um final feliz.

Bom! Era assim, o sentimento daqueles anos sequenciados, havia amor, paixão, sedução, um jeito admirável de enxergar um ao outro e nenhuma pressa para viver tamanha vibração.

Talvez principiantes, que os anos trouxeram experiências cheias de regozijo de amor, de atração. Uma serenata tocava sempre aos ouvidos e uma esperança imperceptível se escondia por trás de uma realidade.

Porém, um dia a cena mudou! Havia cansaço, desânimo, uma rotina que teimava em deixar os beijos menos calientes, uma sensação de tanto faz se instalava naqueles corações, e ambos sentiam-se presos pelo medo de um desafio a ser aceito, o do término, a despedida.

Depois de tanta relutância, e até que chegou o ponto crucial do desentendimento, o fim aconteceu, para ambos as flores tinham murchado, as vozes não eram mais aveludadas, a respiração do outro pesava quando encontravam-se no mesmo espaço, a avistar estavam vidas separadas que precisavam seguir.

No entanto, alguém internamente seria mais resistente aquele desenlace, e os anos de amor e entrega ficaram pregados na parede, onde um quadro com a imagem do ex seguiu palpitando aquele coração, mas quisera ser por amor, na verdade foi por complexo de posse, dependência, incapacidade de despedisse realmente do que foi bom e não poderá seguir junto porque é passado, e necessita, já que foi bom, somente estar na memória e no coração como lembrança que faz parte da vida.

Um dia quem sabe, sentirá que é preciso tirar o quadro da parede, sair do quarto, da varanda, viver não apenas os verões calorosos, se permitir o conhecer e o alcance de outros ambientes e nova gente, rostos diferentes, e tudo sem necessariamente, esquecer da imagem do quadro.

Um dia quem sabe, haverá tempo!

CarlaBezerra

Divina Flor
Enviado por Divina Flor em 07/06/2020
Reeditado em 07/06/2020
Código do texto: T6970930
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