Felicidade de outrora
Saudades que tenho da minha infância quando ser feliz era tão mais fácil. Coisas simples nos deixavam alegres. Eu me lembro que meu sonho de consumo era possuir lápis de 36 cores. E quando minha mãe me levou a papelaria e me comprou os tão sonhados lápis, eu fiquei feliz um mês inteiro.
De outra vez, esperei um ano inteiro para ganhar um Walkman no natal. E como um ano passava devagar. Um ano era uma eternidade.
Mas havia outras coisas que nos deixavam radiantes. O passeio aos finais de semana na casa da minha avó e bisavó. O quintal era nosso mundo, vivíamos correndo, brincando e nos imaginávamos reinando em um mundo mágico. Em meio as árvores frutíferas fazíamos piqueniques. Os quintais eram muito bem varridos por minha bisa que ficava feliz com a visita dos bisnetos. Tínhamos amigos imaginários e reais. Meus primos subiam nas árvores e eu os imaginava o Tarzan. E a hora do lanche todo mundo esquecia as brincadeiras e iam saborear as deliciosas quitandas e frutas do pomar. Os sabores e aromas são inesquecíveis. O café moído na hora, o bolinho de chuva, o biscoito assado, a canjicada, o arroz doce da vovó. E mais, a laranjinha de coco queimado, de leite condensado, de groselha e vários outros sabores que eram irresistíveis para nós.
Mas as grandes estrelas da mesa eram o doce de leite com queijo e o pão de queijo quentinho. Ah tempos que não voltam mais.
Mas nem tudo era perfeito, as vezes nos desentendíamos em nossas brincadeiras. Meus primos não me deixavam participar de algumas brincadeiras e eu saia em prantos para depois voltar com minha bisá que pedia para que me deixassem brincar também.
Uma infância simples, mas cheia de alegrias. Não era necessário muito para ser feliz.