Sou Arte

Há quem diga que minha vida tenha tomado um rumo distinto do propósito principal, no entanto, nunca soube qual seria o objetivo principal de minha vida. Haveria um propósito, um plano um destino? Me detenho na ideia lúdica, de que a vida é um papel em branco na mão de um poeta; cada um escreve os versos de acordo com o que sua alma sente, seu corpo vive, e sua mente cria.

Apesar dos sonhos, projetos e metas; tudo é posto num emaranhado de dias sem que haja muita lógica. É correr para se ter, e quando se tem, é buscar para ser, e quando se é; repensa tudo, e se percebe que o sentindo é a busca e não a conquista.

Cada passo dado é uma distração no foco principal da caminhada. Há quem buscou a arte e se distraiu com as leis; há quem buscou a medicina e acabou no artesanato. O Caminho não é igual para todos, apenas o fim é. Mas até o fim é em tempo distinto para uns e outros.

Eu que deixei de lado a busca pelo motivo e aprendi a apreciar as belezas do caminho, mesmo em dias difíceis. Não há mais comparativo daquilo que nasci para ser, para o que sou de fato. Eu sou o que minha alma aceitou ser durante este caminho.

Desviei da ganância, da riqueza e do poder. Me abracei com os desamores, as incompreensões de afeto e do projeto familiar tradicional. Plantei sementes em terras distintas, no entanto, os frutos cresceram longe um do outro, cada fruto com sua riqueza e beleza, mas todos longe daquele que o plantou.

Por fim, a arte é a distração mais bela que tenho na caminhada. Da poesia, canção e traços é que me desprendo da rotina dos passos; da busca e da conquista. É a arte que explica minha caminhada, e somente ela poderá trazer sentido quando houver o fim da estrada.

E se alguém perguntar por mim, quando eu ultrapassar a chegada; me ouça, me leia, me aprecie em cores. Eu serei arte, inteiro e sem parte.

Samuel Boss
Enviado por Samuel Boss em 07/06/2020
Reeditado em 07/06/2020
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