Não toque em meu nariz!

No belo alvor de quinta-feira, o relógio nem batia 7h da manhã quando já estava de pé. Melhor dizendo, em meu quintal, fazendo meus diversos afazeres.

Mas algo lá fora me toma mais a atenção que, propriamente, meus afazeres. Meu vizinho está discutindo com a mulher, ainda não sei sobre o quê. Pelo som que vem se estendendo, logo vão se pegar. Nada de novo por essas bandas.

Há paciência, e essa se esgota no momento que decido ir ver o que acontece.

-- Obrigado, Zé, precisava mesmo de você aqui!

-- Ora! Me diga o que o porquê desse alvoroço.

-- Olha meu carro... limpinho após o banho. Agora, de nada vai adiantar ele aqui, pegando poeira, mas não adianta falar com minha esposa, ela não vem guarda-lo! Pena eu não saber dirigir.

-- Não seja por isso, meu amigo. Eu guardo-o para você. Dê-me a chave!

Enquanto manobrava, pensei o quanto aquilo tudo era desnecessário, até meus vagos pensamentos serem interrompidos por três seguidos espirros.

Carro na garagem. A mulher vinha com seu avental molhado em minha direção, agradeceu-me. Disse que não era nada.

A seguir, nesse pouco tempo, tão pequena criatura vem no corredor, a passos largos e, sem ver ou viu, me acerta o nariz. Desculpas daqui e dali, disse que não foi nada, que isso pode acontecer a qualquer um.

O sol parecia mais ardido, os olhos lacrimejantes, e uma vontade louca de espir.... ATCHIM! Espir... ATCHIM! É, conheço o final da história...