Café
Eu queria resolver minha vida com um copo de café pela manhã. Conquistar o ânimo para minhas atividades diárias... Conquistar a alegria para vivenciar cada dia da minha jornada. Despertar e, não só, levantar.
Todavia, a cada dia, suprimo as lágrimas.
Não tenho motivo para chorar.
Um bom emprego, uma casa... Dentro do possível, uma família, a qual sempre eu me afasto demais por estar intimamente irritada.
Mas, meus dias são cinza, mesmo quando existe Sol. Cinza por não ter a vitalidade de uma cor. Cinza por ter queimado tudo e nem a fumaça sobrou. Cinza como o céu preparado para uma grande tempestade, a qual jamais acontece e só fica aquele tempo abafado, enclausurando as almas em casa pelo estranho medo de se molhar.
Cinza como... Cinza.
Só cinza.
Arrastando pelos corredores em passos contentes, o meu esteticista fez o semblante cansado sempre ficar a sorrir. Ainda assim...
Seguro a xícara, olho, e aquele liquido não me convém. O cheiro me causa enjoo, a textura me provoca repulsa, quente demais para meu mau humor e quando esfria já não aparenta uma cura.
Talvez, eu deva ir até a farmácia buscar uma dose em pílula de café. Para esquecer esta terrível vontade de chorar. Para me animar. Para novamente sonhar. Quem sabe a esperança eu não possa reencontrar?
Mais do que nunca, eu só necessito deste milagroso café. Para permanecer vagando, ou, pelo menos, em pé.