PÃO COM OVO

Quando criança, às vezes eu via um tio fritar ovos para comer no café da manhã e achava esquisito, acostumada que estava ao café com leite e pão com manteiga. Mais esquisito ainda foi ver, anos depois, os ingleses degustarem além dos ovos, bacon, na refeição matinal. Só que, em lá estando, não havia opção. Ou comia ovos com bacon acompanhados de tostadas e chá, ou ficava a ver navios. Porém, era difícil ver navios de estômago vazio, naquele frio danado, sabendo que não encontraria uma padaria na esquina onde pudesse tomar uma xícara de café preto ou um mísero pingado. Naquela época ainda não havia Starbucks espalhados pelo mundo e mesmo que houvesse, minha condição de estudante não permitiria luxos. Tampouco era moda o sistema de self-service com variadas opções no café da manhã, como hoje em dia. O fato é que acabei me adaptando ao costume local e, confesso, depois de algum tempo achava até bom. Só não gostava quando apresentavam também uma colherada de feijão com molho adocicado.

De volta ao Brasil, retomei meus antigos hábitos alimentares. Ovos, só no almoço ou no jantar. Pode ser ovo cozido, ovo frito, ovo poché, omelete ou ainda huevos revueltos, como dizem as pessoas de língua espanhola. Gosto de misturar ovos com arroz, com macarrão ou com legumes, em determinados pratos como espaguete à Carbonara, ervilhas com ovos pochés ou um mexidinho à moda da casa, que eu de brincadeira chamo de risoto milanês. Eu gostava também de gemadas que minha mãe batia para tomarmos com leite quente em noites muito frias.

Peço desculpas àqueles que têm saudade do sanduiche de pão com ovo frito que levavam para o lanche da escola. Nunca experimentei. Pode ser que ache bom, mas por enquanto não tenho vontade de experimentar.