Um cigarro

Foi para varanda e acendeu o cigarro.

Puxou o tabaco ,prendeu a fumaça na garganta até que ela insistisse em vazar por seus poros.

Soltou devagar ,pequenas doses.

Podia ver os pequenos pacotes de fumaça se afastarem a procurar o vento.

Há muito tempo a boca só lhe dava a medida do silêncio.

Só expelia a fumaça do cigarro.

Como um vômito de ressaca.

Um trago ,um respiro, uma intervalo.

Atirou-o no asfalto.

E viu o seu cair.

As brasas se apagarem.

Se pudesse também se apagaria.

E quem sabe uma boca desconhecida a reacendesse.

E lhe trouxesse de volta a voz...

Respirou.

E entrou novamente na casa.