Os jovens e o Trump
Em seu discurso, quarta-feira, o ex-presidente Barack Obama disse que os jovens "ajudaram a fazer o país sentir que precisa melhorar".
O Obama tem razão. Os jovens sempre tiveram uma participação decisiva e histórica no que se refere à mudança de hábitos que promoveram a transformação do mundo. São ousados, têm propostas de vida loucas, surpreendentes e assustadoras; derrubam tabus; quebram protocolos com comportamentos chocantes, antes inadmissíveis. E, atualmente, são a maioria esmagadora presente nas manifestações históricas antirracistas que lotam ruas dos Estados Unidos. Estão lá, deitados no asfalto, de joelhos ou caminhando, berrando em megafones, deixando o Trump ensandecido.
O Trump é velho, tem a mente engessada, lacrada em salas escuras, sem oxigênio e ocupada demais. Uma cabeça cheia de mobílias, latas de cerveja, moedas, garrafas, frascos de perfume, é um CTI lotado, contaminado e sem vaga para restauração, cura, amor.
O amor não é um invasor, um forasteiro que vem lá de fora. Ele nasce e cresce com viço, em nós, como uma palmeira gigante. Precisa de espaços claros e despoluídos, precisa de atalhos mágicos que nos possam conduzir para cenários incomuns. Estar com a mente límpida e habilitada para o amor é fundamental para o mundo, porque só os bons sentimentos podem fazer de nós arvoredos frutíferos.
Enquanto um jovem pensa colorido e o seu corpo esvoaçante flui ao vento, os Trumps permanecem plantados em cadeiras presidenciais, torres e cúpulas. Não pensam com sentimento, se contorcem em suas entranhas cerebrais confusas, mal oxigenadas por pulmões nicotinados; aterrorizadas por corações afogados em adrenalina; viciadas nos mesmos gestos, palavras e sentimentos. Eles são retrógrados acumuladores que não abrem mão de suas convicções racistas e homofóbicas. Coroas assim contaminam mais o mundo do que os coronas. Adoecem a sociedade, criam psicopatas, facínoras.
Só mesmo os jovens, com suas capas futuristas e tênis alados podem nos salvar, gritando palavras transformadoras de ordem. Para eles, qualquer caminho é uma via de possibilidades.
Deixemos, então, para os velhos, as medalhas e naftalinas do baú, exceto aqueles que, como um bom sábio da Grécia Antiga, se prestam a dar boas orientações, sem foices traiçoeiras e repressoras que bloqueiam o fluir de incontroláveis correntes no mundo.