O menino no metrô
Noite de quarta-feira. Lúcia aguarda o último metrô da noite, mais um dia de trabalho. Poucas pessoas na estação, não é comum, contudo, com a hora já tardia, o que é realmente comum é a expressão cansada dos rostos e o cheiro da labuta que paira no ar. Vinte minutos de espera, hora do consolo, embarcar de volta para casa.
Todos se assentam, se esparramam. A frente de Lúcia, sozinho, um negrinho. Olhos atentos, lábios de erosão, pele acinzentada, sandálias de dedo. Traz consigo uma sacola, destas de lojas populares de shopping. O ar frio passa entre os vagões elétricos, gela os poros e os sentidos. O menino encolhe-se dentro de uma frouxa camiseta regata, em seguida retira de dentro da sacola uma camisa novinha, com estampas coloridas. Ao observar, Lúcia, fala com seus pensamentos: “ Será que é roubada?” Num súbito instante, interpela-se e repensa, pela pouca idade, de certo uns 07 anos, pode ser que não seja. Momentâneo alento aquece o guri.
Juntamente com o balançar do trem, vão se fechando os olhos de Lúcia, esvaindo-se os pensamentos. Repentinamente, uma pergunta:
- Este é o último metrô?
-Sim, é o último.
-Então não posso perder a parada.
Diz o menino, com outras palavras de difícil entendimento. Terceira estação do percurso, uma das mais remotas. Desce do vagão o negrinho. E assim o metrô vai partindo. Pela janela, a criança, vai partindo, e ficando pequeno, pequenino, pequenininho, some. Em seguida, dor aguda no peito, alfinete amolado no centro do coração. Perdida em seus adágios, medita Lúcia: “Nenhuma criança devia estar só, nenhum menino poderia estar sozinho, tão ausente assim no mundo”.
Noite de quarta-feira. Lúcia aguarda o último metrô da noite, mais um dia de trabalho. Poucas pessoas na estação, não é comum, contudo, com a hora já tardia, o que é realmente comum é a expressão cansada dos rostos e o cheiro da labuta que paira no ar. Vinte minutos de espera, hora do consolo, embarcar de volta para casa.
Todos se assentam, se esparramam. A frente de Lúcia, sozinho, um negrinho. Olhos atentos, lábios de erosão, pele acinzentada, sandálias de dedo. Traz consigo uma sacola, destas de lojas populares de shopping. O ar frio passa entre os vagões elétricos, gela os poros e os sentidos. O menino encolhe-se dentro de uma frouxa camiseta regata, em seguida retira de dentro da sacola uma camisa novinha, com estampas coloridas. Ao observar, Lúcia, fala com seus pensamentos: “ Será que é roubada?” Num súbito instante, interpela-se e repensa, pela pouca idade, de certo uns 07 anos, pode ser que não seja. Momentâneo alento aquece o guri.
Juntamente com o balançar do trem, vão se fechando os olhos de Lúcia, esvaindo-se os pensamentos. Repentinamente, uma pergunta:
- Este é o último metrô?
-Sim, é o último.
-Então não posso perder a parada.
Diz o menino, com outras palavras de difícil entendimento. Terceira estação do percurso, uma das mais remotas. Desce do vagão o negrinho. E assim o metrô vai partindo. Pela janela, a criança, vai partindo, e ficando pequeno, pequenino, pequenininho, some. Em seguida, dor aguda no peito, alfinete amolado no centro do coração. Perdida em seus adágios, medita Lúcia: “Nenhuma criança devia estar só, nenhum menino poderia estar sozinho, tão ausente assim no mundo”.