SEU NOME É
Hoje sai para dar uma volta na praça e observei uma mulher caminhando com seu cachorro cujo a raça desconheço. Ela deve ter uns 30 anos, cabelo longo, olhos verdes e estava vestida com uma calça cinza e uma camiseta preta muito básica. Aparentava bom humor e sorria para as pessoas que elogiavam seu cachorro durante a caminhada.
Ela tem cara de quem se chama Laura ou Paula. Imagino que ela seja casada com um cineasta ou um arquiteto. Ela parece colecionar Sylvia Plath, T.S Elliot e Leminski. Ela parece firme no trabalho, deve ter babá e um marido mais velho. Será que a moça tem TV Smart? Um piano na sala? Será que cozinha? Será que concluiu o mestrado e agora está fazendo um curso com um sommelier famoso para passar o tempo? Mas pode ser que essa mulher tenha uma rotina estafante e não aguenta mais o seu marido de aeroporto em aeroporto e a construção da piscina.
Pode ser que ela esteja apaixonada pelo seu terapeuta ou por um catalão que mora nas Oliveiras. Essa mulher deve sair com as amigas para beber e dançar, ir ao teatro em SP uma vez por mês e se embriagar de vinho com a solidão.
Laura ou Paula aparenta ter qualidade de vida, malha, corre, faz meditação, massagem, terapia e ainda distribui conselho pra vizinha. Mas o que esconde ela? Será que sente medo? Será que sente dor? Será que chora? Será que é feliz? Será que vive ou finge?
Ver essa mulher caminhar na praça me faz pensar: essa personagem que acabei de inventar na minha cabeça é uma desconhecida?