DUAS CARAS
Dentro de mim habitam dois seres. O primeiro fadado a repetir todas referências armazenadas no inconsciente nos novos cenários que surgem ao longo da vida. Já o segundo tem a dura missão de criar novos roteiros, novos sentimentos e atitudes. Ambos são legítimos e vão cumprindo seu papel, revezando o protagonismo sucessivamente. Nessa competição sem trégua vou tocando o barco. Não consigo vislumbrar quem sairá vencedor no final, já que os dois têm armas fortes, boas estratégias e, cada vez mais, vão aprimorando sua performance. É possível que já estejam um tanto misturados, de forma que não consigo identificar, de fato, o que é cada um. Assim o que se manifesta em mim é uma mescla dos dois seres e será desse jeito que irei até o fim da linha, talvez como outros mais que têm herança semelhante e quem nem sempre se deram conta disso. Acho melhor aceitar as coisas como são, no lugar de ficar querendo mudar o que não dá pra mudar, por mais que teimarmos fazer isso.