VIAGEM NO TEMPO PELO RIO ANTIGO - PARTE III - FINAL

5 - O NEOGÓTICO e o estilo MANUELINO - Último baile da monarquia, Ilha Fical, ícone do neogótico brasileiro, palacete ex-posto alfandegário construído por D. Pedro II, hoje museu mantido pela Marinha - torres agulhadas e arcos de ogiva no estilo europeu medieval, que também aparece em algumas construções religiosas da cidade: Paróquia Imaculada Conceição em Botafogo, com uma rosácea na fachada, ar medieval; Catedral Presbiteriana no Centro do Rio, inspirada na Catedral de Saint Pierre, Genebra; impressionante Real Gabinete Português de Leitura também no Centro, lista das 20 bibliotecas mais lindas do mundo (revista "Time"), estilo gótico manuelino, descrito como resistência, identidade nacional lusa, ao neogótico - tendo estátuas de Pedro Álvares Cabral, Infante Dom Henrique e Luís de Camões na fachada, virou biblioteca pública em 1900 e reúne 350 mil livros, maior acervo de literatura portuguesa fora de Portugal.

6 - Arte de se ver de joelhos, BARROCO e ROCOCÓ presentes em quase todas as igrejas católicas históricas da cidade. Características do barroco - ornamentação abundante, desenhos variados e complexos das plantas e fachadas, revestimentos com materiais nobres. Características do rococó - estilo posterior que tornou o barroco mais leve e iluminado - Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, a mais completa do barroco joanino, fachada pouco exuberante, porém impactante talha dourada do interior; e a do ROCOCÓ, Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, a primeira catedral da cidade. No Rio, dois estilos diferentes: o barroco italiano do século XVII, contraste entre sombras e luzes, caso do Mosteiro de São Bento, e o rococó francês do século XVIII, fruto da efervescência econômica da antiga capital, estilo predominante nas igrejas cariocas. É preciso ter riqueza econômica, daí mais igrejas barrocas e rococós no Rio que mesmo em Ouro Preto.

7 - Ícones de concreto, o forte do Rio é o MODERNISMO, que tem marcos do estilo: Palácio Gustavo Capanema, concebido pela equipe que reunia estrelas, como Corbusier, figura mais importante da arquitetura moderna, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Affonso Eduardo Reidy, painéis de Cândido Portinary e jardins de Burle Marx. Este prédio sintetiza o conceito e a vanguarda da tecnologia brasileira. como a ideia da pele de vidro, espanto em vários países - destacam-se o térreo , seu pé-direito e o recurso brise-soleil, quebra-sol. Reidy assina também o Museu de Arte Moderna, outro ícone carioca, exemplo do chamado brutalhismo, que trabalha essencialmente com o uso do concreto armado bruto, sem ornamentos e sem ocultar elementos de fiação e encanamentos - bem-estar social, barateamento do processo construtivo.

8 - Traços de CONTEMPORANEIDADE - Complexidade técnica e conceitual, ousadia tecnológica e arquitetônica, o Museu do Amanhã no Centro, primeiro museu brasileiro a receber prêmio internacional MIPIM, categoria "Construção verde mais inovadora", tecnologia captando energia solar e o uso das águas geladas da Baía de Guanabara no sistema de ar-condicionado; em 2016, foi eleito o "Melhor novo museu do ano". Palavras de Corbusier - "Construção de pé é engenharia, mas, quando emociona, é arquitetura".

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FONTE:

"Bem traçadas linhas" - Rio, jornal O GLOBO, 12/5/17.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 02/06/2020
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