Pratos da balança - BVIW

Os músculos do homem faziam brotar nos corações femininos canteiros de flores frágeis e carentes de proteção. Ao por as mãos na terra a mulher descobriu-se tão capaz quanto o seu companheiro; seja para erguer um peso, seja para espalhar no solo seu sustento. Másculos braços se multiplicaram com o tempo e chegaram às academias. Viram que uma mulher se reconhece pelos vestígios impressos em sua alma.

Seus conselhos nunca estão na ponta da língua. Vêm devagar, pesando-se, medindo-se até nascerem prontos para consumo. Sua feminilidade também se extravasa para o exterior - nas vestes coloridas, nos acessórios e itens mantidos à tiracolo. Batom para colorir o sorriso e umedecer o beijo. Rímel para iluminar os olhos que enxergam fundos de alma, perfume para atrair fantasias. A leveza dos lenços de seda socorre o suor dos dias.

Os mil e um compromissos que a versátil mulher guarda na cuca ganham graça nos vestígios de delicadeza espalhados nas presilhas de cabelos, nos laços improvisados e cortes ousados.

É mágico esse equilíbrio de forças colocadas nos pratos da balança do gênero. De um lado a masculinidade prática que caminha do cérebro ao coração; do outro a feminilidade fazendo o caminho inverso. Quando o ponto de encontro acontece as forças se equilibram, os corações batem em uníssono. Dois corações batendo num só ritmo fazem o mundo parar diante de tanta beleza.

Maria do Carmo Fraga (Mariana Mendes)
Enviado por Maria do Carmo Fraga (Mariana Mendes) em 02/06/2020
Reeditado em 02/06/2020
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