PROCURA-SE UMA MULHER VERDADEIRA - BVIW



No livro Leite Derramado, um ancião de 100 anos, narra em monólogo sobre seu passado e de seus ancestrais, indo dos privilégios da high society à decadência social e econômica. Como fuga ou necessidade de provar a existência, realça a importância e a falta do seu maior amor enquanto lida com seu corpo frágil quase esquecido em uma maca.

Vez ou outra o narrador me fez lembrar de Capitu ao falar da esposa. Pensei em como seria o livro caso a narradora fosse mulher. Talvez seriam doados vestígios desta mulher. Não deveria ser famosa pela política, arte ou dons milagrosos, cujos feitos seriam cravados na história. Uma mulher comum, cheia de virtudes tendo o poder de suas memórias como legado. 

As dúvidas do escritor seriam: Como divagar por suas impressões de vida e mundo sem ter vivido o mesmo tanto, sem ter provado de suas ansiedades e glórias? Quem está predestinado a viver este tanto? Bastaria o Mr. Google?

Cida Clara, tinha dúvidas sobre os vestígios de mulher que deixaria e queria deixá-los a todo custo. Conseguira a mudança do nome, mas queria mais. Não lhe bastava fantasiar-se de Marilyn, Lady Diana ou Lady Gaga. Olhou para a amiga que com vestígios de uma escritora pouco satisfeita, esclareceu: - Você não é uma mulher comum! Preciso de uma mulher que seja identificada como a mais verdadeira possível e a origem nem precisa ser brasileira. 

 
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 02/06/2020
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