Pantufas da Assombração Aposentada
Ufa! Finalmente depois de 35 anos de sala de aula eu aposentei das escolas. Para comemorar o feito eu quis algo que me remetesse ao descanso.
Vi na loja um par de pantufas masculinas: sobriedade de um azul marinho peludo. Lancei mão do capricho.
Em casa era só o conforto nos pés. Eu moro em localidade serrana e chinelos e similares somente no verão em dia que a chuva dá trégua. Aqui é assim: geada no inverno e cerração o ano inteiro.
A relação da pantufa com seu proprietário se tornaram tão prazerosa e íntima, que não precisando mais de calosos sapatos ou tênis, extrapolou-se o limite do lar. Servia para calcar a vizinhança.
As horas de sono noturno diminuíram. Enquanto a casa dorme, acorda-se cedo. Primeira tarefa: retirar o lixo e levá-lo para a calçada. E como é madrugada, além da pantufa que colou aos pés, a saída é de pijama também. Alma penada impoluta é de assustar.
Com tantos usos o solado desgastou-se e descolou ao lado. Ao andar produzia aquele som ruidoso. De madrugada lembrava correntes atritando ao chão.
Em uma madrugada tenebrosa destas, estava o vizinho arredando as cortinas de sua janela discretamente para sondar quem era aquela Assombração que se arrastava com sacos cheios na área externa.
A neblina densa sempre povoou o imaginário com fantasmas de contornos sólidos.
Não demorou muito a tal pantufa conheceria seu próprio desterro em uma sacola de lixo.
Vá em paz companheira notívaga.
Ufa! Finalmente depois de 35 anos de sala de aula eu aposentei das escolas. Para comemorar o feito eu quis algo que me remetesse ao descanso.
Vi na loja um par de pantufas masculinas: sobriedade de um azul marinho peludo. Lancei mão do capricho.
Em casa era só o conforto nos pés. Eu moro em localidade serrana e chinelos e similares somente no verão em dia que a chuva dá trégua. Aqui é assim: geada no inverno e cerração o ano inteiro.
A relação da pantufa com seu proprietário se tornaram tão prazerosa e íntima, que não precisando mais de calosos sapatos ou tênis, extrapolou-se o limite do lar. Servia para calcar a vizinhança.
As horas de sono noturno diminuíram. Enquanto a casa dorme, acorda-se cedo. Primeira tarefa: retirar o lixo e levá-lo para a calçada. E como é madrugada, além da pantufa que colou aos pés, a saída é de pijama também. Alma penada impoluta é de assustar.
Com tantos usos o solado desgastou-se e descolou ao lado. Ao andar produzia aquele som ruidoso. De madrugada lembrava correntes atritando ao chão.
Em uma madrugada tenebrosa destas, estava o vizinho arredando as cortinas de sua janela discretamente para sondar quem era aquela Assombração que se arrastava com sacos cheios na área externa.
A neblina densa sempre povoou o imaginário com fantasmas de contornos sólidos.
Não demorou muito a tal pantufa conheceria seu próprio desterro em uma sacola de lixo.
Vá em paz companheira notívaga.
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 01/06/2020.
Direitos do texto e foto
reservados e protegidos segundo
Lei do Direito Autoral nº 9.610,
de 19 de Fevereiro de 1998.
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