Xeleléu e Capacho
VÁRIAS pessoas confundem o mero xeleléu com o sem-caráter total, o execrável capacho.Mantenho distância dos dois, mas sinto mais repugnância pelo capacho.
Nada como a história para explicar a diferença, demonstrando como é o xeleléu. Ele vive agarrado num ganchinho ou vantagem e faz de tudo para agradar o chefe. É uma espécie de moleque de recados, um eterno serviçal. Vamos a dois casos históricos acontecidos em 1915. Num jantar na casa do Senador Pinheiro Machado, apos comerem, os convidados foram servidos com o tradicional licor.Ocorre que o garçom, em vez de pegar a garrafa da bebida, pegou o vidro do xarope de Dona Nanam (esposa do senador),um lambedor amargo que só fel. Tão ogo tomaram o conteúdo do cálice, alguns xeleléus, mesmo engulhando etendo ânsias de vômito, começaram a elogiar o licor, um deles,o mais exagerado e safado disse que era um néctar dos deuses. O senador que não gostava de puxa-saco deu uma esculhambação nos xeleléus. O segundo episódio também aconteceu na casa desse senador. erto dia um picaretada política foi visitar o senador. Ele chegou justamente na hora que a chaleira com a água do chimarrão estava no fogofervendo. Antes que o senador pegasse a chaleira, o xeleléu tomou a frente excitado na ânsia de bajular , pimba!,em vez de pegar na asa, pegou no bico da chaleira.Queimou-se mas não deu bandeira, achou que contara ponto a seu favor. Nascia ali o apelido chaleira.
Mas, repito, o xeleléu não é tão nocivo quanto o capacho, o sem-caráter total. Este é intrigante, difamador, ingrato, mau e arquiteto das traições. Infelizmente o número deles está crescendo.Inté.