CRÔNICA – Será que consigo? – 31.05.2020 (PRL)
CRÔNICA – Será que consigo? – 31.05.2020 (PRL)
Alguém jamais poderia imaginar que pudesse ter de atravessar tão tristes dias em sua vida. É isso que está acontecendo comigo, mas em dose muito forte, que até não sei se chegarei no final como um vencedor. E confesso que, por vezes, já me considerei um derrotado, eis que para mim já morri há muito tempo.
Em março próximo passado, na ânsia de rever suas filhas que residem noutro Estado, a minha esposa houve por bem viajar para matar a saudade de mãe, avó e bisavó, ela que é muito agarrada aos laços familiares e que tudo faz sem medir sacrifícios em prol dos entes queridos.
Pois bem, logo depois da viagem, que seria curta, de poucos dias, estampou esse problema do “Coronavírus-19”, que estava tomando conta de quase todo o mundo, isso de maneira agressiva, porquanto ainda não se tem a vacina necessária para conter o seu avanço, e dizem que vai durar muito tempo para se encontrar a solução.
A imprensa mundial valorizava, como de costume, esses acontecimentos, que foram tomando conta da mídia, embora em alguns países possam ter causado verdadeiro pânico, como no Brasil. Mas pensando que tudo seria rápido e passageiro, a minha velha não voltou, contida que ficara com o medo de contrair essa doença, tanto pelas condições do momento como pelo fato de ser idosa, embora com poucas comorbidades (Confesso que nunca havia ouvido essa palavra complicada, que daqui somente consta porque está na moda!).
E o governador, aliado a outros companheiros de oposição permanente ou eventual, começou a decretar seguidamente o “Estado de Quarentena”, que muito se compara ao de “Sítio”, eis que tira de ação o ir e vir dos cidadãos e suas famílias – não discuto se é a melhor solução --, mas, por outro lado, possibilita a que recursos e mais dinheiros sejam da União despejados em seus domínios, a título de combate à pandemia. De sorte que tudo o que se faz hoje em dia no país vem com o nome milagroso de COVID-19, um santo remédio para facilitar o desvio de verbas do erário, ainda mais com o benefício da lei, que dispensa a tal da competição, ou seja e melhor dizendo a “licitação”.
E ela foi adiando seu retorno, a saudade apertando – lá e cá --, de modo que a situação ficou insustentável, pois nem eu posso ir e nem ela vir ao meu encontro. Veja-se que situação incômoda: Do meu lado há o fator hoje chamado de “Comorbidade”, em muito superior aos problemas dela, estando aqui por obra e graça do Grande Arquiteto do Universo. O dia milagroso seria o primeiro de junho, amanhã, mas tudo indica que vão prorrogar as exigências, mas ela está radiante com essa possibilidade. Foi o que notei nos contatos que tivemos pelo milagroso telefone, via internet. Deus queira que dê certo, vamos rezar.
Ainda bem que ela pode contar, na hora, com a assistência das filhas (dez dias na casa de cada uma), fato que sobrecarrega as responsabilidades delas mas, por outro lado, pode mostrar a cada dia, mais e mais, o grande amor que nutrem entre si, sangue de seu sangue. De minha parte, conto com os dois filhos que residem aqui perto, prontos para atuar em qualquer eventualidade, até porque são da área de saúde, com trabalho redobrado, em face da precária situação desse setor no Estado e, de resto, em todo o país. Ainda ontem estiveram aqui em casa, mantendo aquela distância regulamentar, oportunidade em que mostraram sua preocupação com este velho de guerra.
Será que terei chance de transpor essa barreira?
Meu abraço.
SilvaGusmão
Foto: INTERNET/GOOGLE