O imediatismo humano como obstáculo no direito do ambiente
O homem para se proteger naturalmente sempre buscou na natureza, em seu espaço de sobrevivência, elementos ou recursos em sua defesa e também na de sua espécie. Então reunir, por exemplo, resíduos sólidos, adquirir materiais sem necessidade, somente para o ajuntamento, para uma possível necessidade pode ser considerada uma herança de seus antepassados. Haja vista que se manter vivo em séculos e séculos, dependia, entre outros fatores, da percepção, da capacidade de armazenar comida e de se manter em temperatura adequada. “Para Reinaldo Dias, escritor, ativista ambiental, entre todas as espécies animais existentes, o ser humano é a que tem maior capacidade de adaptação e modificação do meio circundante, criando assim seu meio ambiente próprio. Desse modo o ser humano sempre modificou o ambiente natural para sua melhor vivência”. Contudo após juntar muitos materiais diversos, comida e o que mais poderia ser útil, em algum momento esses vão se deteriorando ou não tem mais utilidade.
Porquanto em outras estações do ano se faz necessária uma revisão do que fora, acondicionado para que então o espaço residencial ou comercial se mantenha limpo e saudável. Mas então se indaga onde então serão depositados materiais empilhados, que já não tem mais serventia e apenas ocupam espaço em nossos ambientes industriais, comerciais ou residenciais? Em outros tempos se poderia frequentemente ser observado que não havia local adequado para o descarte de materiais não reutilizáveis. E então para alguns a melhor ideia seria depositar aquela “quinquilharia” bem longe, seja na terra, seja em mananciais para que aqueles materiais tomassem rumo ignorado. Fato é que em outrora não havia mesmo uma consciência tão latente do desastre ambiental que pode ser produzido pelo descarte inadequado de resíduos sólidos por anos e anos.
Todavia temos observado que o ser humano, não raras vezes, ainda é muito imediatista. E por isso pode não se apresentar com atitude e pensamento prospectivo. Em certas ocasiões temos decisão e ação somente ao que nos afeta diretamente. Se já sabemos que os resíduos sólidos podem produzir tantos problemas de saúde e propensão de contaminação tóxica, por que não agimos com esse raciocínio lógico? Nas palavras de Jacinta dos Santos, autora da obra “Caminhos do Lixo”, “o lixo urbano tornou-se uma preocupação de todas as sociedades, não só pelo aumento, mas também pela complexidade estrutural relacionada à sua origem e ao seu destino e tem sido visto como parâmetro de uma racionalidade construída pela sociedade moderna, reproduzindo a contradição do sistema que o gerou”. É realmente necessário esse enfrentamento por parte das instituições e pessoas investidas em autoridade para convencer e conduzir a população nesse objetivo de que o resultado positivo ou negativo pode recair sobre todos nós.
A seletividade dos resíduos é uma incógnita, pois as residências muitas vezes não dispõem de material necessário para a separação material. Verifica-se que nas praças e calçadas dos bairros em geral não há informação disponível ou mesmo cestos que possam receber esses entulhos de maneira seletiva. Tudo isso para que antes mesmo de chegarem aos grandes lixões, aterros sanitários ou depósitos sejam separados para uma otimização do tempo e da qualidade da atenção aos diversos resíduos. Outrossim, para que sejam descartados definitivamente como lixo ou para serem reaproveitados. Quanto mais perigoso é considerado o resíduo, maiores devem ser os cuidados necessários. Pois do contrário, como consequência, avassaladores poderão ser os prejuízos envolvidos posteriormente na possível tentativa de remediar o problema.