DE FRENTE COM A FIGURA DA MORTE

Entre consciência e inconsciência, um corpo febril, peito ardente e em frente, a figura da morte, desenhada em nossas mentes pelos desenhos animados dos filmes infantis.

O ar transformou-se num inimigo e se distanciava aos poucos das narinas desesperadas por sugá-lo. Os pulmões ardiam como se fossem ‘banhados’ por pimenta, mas o ardor maior era o isolamento. Não ver rostos conhecidos, os entes queridos, isso sufocava tanto quanto o ingrato ar que insistia no abandono.

A companhia, por dias a fio, era uma parafernália de cabos e instrumentos hospitalares e a impressão de que nunca mais emergiria daquele “mar seco” em que eu me afogava.

“Monstros” milimétricos ‘comiam’ meus órgãos e eu me sentindo como a presa de um cardume faminto, e meio ao fundo do mar.

E a tal figura indesejada da ‘fulana’ me encarava calada e imóvel. Fraco e quase desistindo de tudo... Foi então o momento em que senti falta e tive a certeza de que nunca mais eu olharia o sorriso dos filhos; nunca mais sentiria o cheiro de minha casa, o aconchego do lar. Não mais viveria a companhia dos amigos, enfim, senti falta dos pequenos detalhes da vida, principalmente daqueles, tão importantes, mas que ao estarmos sadios, não damos o devido valor.

Em estado de transe, fui despertado pela agonia das veias que em meu corpo pulsavam anormais, era como se elas em vez de levarem sangue, levassem os “monstros” por todos os cantos possíveis do meu corpo.

Uma sensação horripilante, daquelas que não desejamos nem para o pior inimigo; uma dor, um incômodo; uma “tempestade” de sentimentos – A agonia da morte!

E quando, enfim, a figura intrusa, plantada diante de mim, durante todo esse tempo, resolveu aproximar-se, apontou-me o dedo e em vez de eu gritar, me acordei.

Corpo suado e trêmulo, coração acelerado e eu ofegante; aos poucos fui me acalmando e exclamei:

Ufa!

Meu Deus!

Foi só um pesadelo!

E aí!

E se fosse verdade?

Reflitamos melhor a nossa própria vida. O nosso proceder diante das pessoas, das coisas e das situações que passamos, às vezes, falta-nos o bom senso e/ou a noção diante dos detalhes da vida, que a princípio, nos parecem supérfluos, mas que, na verdade, fazem toda a diferença em nossas vidas.

Não esperemos uma situação desagradável acontecer, para aprendermos essa lição e sermos pessoas melhores, conscientes e atentas aos verdadeiros valores desta vida.

Ênio Azevedo

Luciênio Lindoso
Enviado por Luciênio Lindoso em 31/05/2020
Código do texto: T6963600
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