QUERO MEU OUTONO DE VOLTA!
No meu Outono os dias são mais curtos em relação as noites,
As temperaturas são amenas, muito agradáveis, sol e frio no mesmo barco.
As folhas e os frutos, em algumas espécies de árvores, caem para iniciarem um processo que as tornem mais resistentes ao inverno.
No meu Outono há mudanças repentinas de temperatura e queda na umidade relativa do ar.
Quase não há incidência de chuva, porém, muitos ventos e nevoeiros.
Não aceito acordar, em pleno Outono, e sentir vergonha do país que vivo e que sofreu mudanças não climáticas.
Não aceito esse Outono, apesar das características, não aceito que seja esse o meu Outono, remendado e isolado.
O meu Outono é mais alegre, otimista, solidário, confiante, positivo, tem respeito pela diversidade, empatia, conhece os caminhos pesados e difíceis das mãos estendidas.
Esse Outono que aí está, é o dos intolerantes que ressuscitaram símbolos e rituais dos porões mais sombrios que a humanidade conhece, é o das tochas acesas nas ruas, empunhadas por suínos bípedes e encapuzados;
No meu Outono assassinos não são heróis, ditadores não são bem-vindos, torturadores são bestas, Deus não é moeda.
Esse Outono que segue é atípico, paralítico, monocrático, que são proparoxítonas de um Outono que já foi romântico.
Quero o meu Outono de volta, e junto quero o lar, o bar, o ar que respiramos com plenitude ao lado da família e dos amigos.
Quero um país revigorado e soberano, banhado nas águas limpas da democracia, da igualdade, da liberdade e da justiça.
Quero assistir shows ao vivo e presencial, as crianças nas salas de aula, os transportes coletivos pulsando na cidade.
Quero meu Outono de volta!