CALEIDOSCÓPIO ? MISCELÂNEA ?

CALEIDOSCÓPIO ? MISCELÂNEA ?

O jovem americano não lê a literatura atual de seu país porque faltam nela valores antigos ainda inerentes à sua família, como "tradição, verdade, moral, decência, sobriedade". De onde saiu isso ?! De um sonho nesta madrugada, entre muitos intervalos acordado, meio sonâmbulo, por culpa de um gato malvado de uma casa vizinha, que pretende amedrontar nossos 3 pacatos bichanos a fim de ficar êle senhor da situação e dono do "harém" das 3 gatas submissas ao seu Destino.

E agora, "esses rabiscos" são conto ou crônica ? Entendo que, se contam SONHOS, são FICÇÃO, invenção e não fatos, daí seriam CONTO. Mas, e as passagens reais, vividas, como ficam nessa estória ? A mim pouco importa e, como o texto é meu, segue como CRÔNICA... nessa miscelânea de imagens sem conexão, parte se dá num pátio de colégio, trechos no que seria um Motel de vários andares, no qual só eu estou, além do recepcionista, que MUDOU durante o sonho. Pode uma maluquice dessas ?! Na primeira parte, estou na varanda do motel quando, na avenida abaixo, passa um sujeito com um animal estranho disfarçado por enorme "paletó" plástico... era uma lhama jovem, faminta, assustada, que transeuntes tentavam apedrejar. Tentei fazer com que o recepcionista ligasse para uma delegacia, o novo, já que o anterior "evaporara".

-- "Isso não existe nos "States", mas patrulhas passam constantemente aqui"!, disse êle.

Desci desesperado, querendo evitar o "massacre" da pobre lhama e, "puff", cá estou eu num pátio de colégio, a algazarra típica da garotada enquanto 3 marmanjos tentavam criar uma canção. "Rabisquei" 4 ou 5 versos e os cantarolei... aprovados, o rapaz do violão pediu que os pautasse, anotasse em partitura. Como nunca aprendi, sugeri que o músico procurasse um fulano para fazê-lo. Ao nosso lado, sempre em silêncio, um certo Dênio (seria Maués ?) assistia a tudo. Esse Dênio era a única coisa real no sonho, o conheci numa Rádio de Belém quando em meus primeiros anos na capital (1988/89) tentava eu vender meus discos LPs para os responsáveis por programas rockeiros.

Dênio (seria Dênis ? era mesmo Maués ?) tinha belo programa de muito bom-gosto, variado, instigante, denominado "Caleidoscópio" numa certa emissora local, a "Cidade Morena FM", eu acho, que trocaria de título diversas vezes. Na Rádio CULTURA contactava o gentil Toni Soares e, nela, um A. Pinheiro me comprou 2 LPs que "esqueceu" da pagar, um deles o excelente "Kristallomusic", do KRAFTWERK, "pai" de toda essa "technomelody" que surgiria depois.

Afinal, onde vai dar esse texto ? E eu sei ?! Voltei a dormir e o sonho me joga de novo no tal Motel chinfrim, agora com mãe e filha negras conversando, a menina a questionar a mãe (em inglês) onde estavam as fotos do Passado e esta, irritada, misturando Português e Inglês retrucava que não a aborrecesse. Acordo mais uma vez, a quarta ou quinta desta noite, agora para "esvaziar o tanque", rotina de todo velho, vá se preparando o jovem leitor dessas linhas. E lá se vai a madrugada... são 4,30 horas e me dedico a ler e a iniciar esses "rabiscos".

Sonhos são atividade cerebral surpreendente: constroem cidades que nunca vimos, pessoas que jamais conhecemos ou uma lhama esquálida "vestida" de plástico. Pior: entram neles figuras com as quais convivemos, sem conseguir lembrar deles o nome ou atividade. Neste me surgiu um antigo comediante, parecido com o "Zacarias" dos Trapalhões e anterior a êle, espécie de Chaves, com quem se parecia mais, nos anos 70. Como "el CHAVO" já existia -- no México, pelo menos -- é bem possível que o humorista tupiniquim tenha lhe copiado a indumentária e, talvez, até alguns trejeitos.

Fico por aqui... crônica ou "quase conto", não poderia eu deixar de registrar tais imagens, devido às lembranças que vieram a tona, numa Belém que já não existe mais, quando se caminhava de madrugada pelas ruas desertas sem medos nem riscos. Tempos que não voltam mais !!!

"NATO" AZEVEDO (em 30/maio 2020, 5hs)

OBS: o humorista carioca citado acima era o BARNABÉ, que sendo dos anos 60 (1965/68, atuando no programa "MARÉ MANSA", da Rádio GLOBO) é portanto anterior aos personagens do CHAVES.