Briga dos alguém

Aqui no centro de União, neste sábado chuvoso e logo cedo, alguém passou berrando rua adentro rua afora, sem máscara e de peito aberto, desafiando o coronavírus e o ''convidando'' a contaminá-lo. "Corona, cadê você? Venha, eu não tenho medo de você não!", argumentava. Era alguém aparentemente nervoso e visivelmente bêbado. Diante do barulho provocado por esse alguém, um outro alguém acordou, saiu à porta e pediu àquele alguém que baixasse a voz e seguisse caminho.

Aquele alguém não testou positivo para o pedido e devolveu ao outro alguém um sonoro palavrão. Um terceiro alguém veio ao encontro desses dois alguém e interveio; pediu aos dois alguém calma. Esses dois alguém não aprovaram a intromissão desse terceiro alguém; ficaram ainda mais nervosos e responderam-lhe que não se metesse na conversa, pois não havia sido chamado. O terceiro alguém ficou ofendido; alegou que não precisava ser chamado, que a rua é pública, que estava com boas intenções e que era cedo para briga.

Os outros dois alguém não o escutaram, e a polícia foi chamada por um quarto alguém que assistia à cena. Os outros alguém que presenciavam, das brechas da porta ou das janelas, a confusão entre os alguém e temendo servirem de testemunhas da eventual tragédia, ocultaram-se dentro de casa. Isso explicar o motivo de não sabermos como terminou a reunião dos cavalheiros ou se terminou. Há, porém, uns alguém que dizem que esses quatro alguém foram presos por desordem ou desacato, simplesmente por serem uns ninguém.

Damião Caetano da Silva
Enviado por Damião Caetano da Silva em 30/05/2020
Reeditado em 03/06/2020
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