FALANDO DE GENTES
A relação humana é um circo surrealista. Terreno arenoso, repleto de mistérios e surpresas. Com enredo multifacetado, vai desfolhando sua voz e vez sem métrica, nem compromisso com nada. As gentes vão trocando seus guizos de energia quando dá na telha, descobrindo no outro uma fonte de prazer ou pedaços tortos de dor. Somos criaturas que funcionamos com alma guardada a 7 chaves, pouco deixamos escorrer do que somos de fato, do que guardamos de fato, do que conspiramos de fato. Dá imensa inquietude perceber que estamos cercados de ETs, mesmo aqueles que têm sangue nosso são, de fato, peças de um tabuleiro ao qual não temos acesso. Mesmo aqueles com quem nos enlaçamos afetuosamente, quando menos esperarmos nos brindarão com furacões alucinados, deixando nossa razão atônita e o coração em pandarecos. Nunca haverá fidelidade partidária nessa alegoria maluca que é a relação humana. As gentes vão cerzindo teias comuns pela conveniência da vida e num dado momento rompem esse tênue fio que as une e voam pra onde seus sonhos mandarem. É assim que se faz esse jogo desregrado e esquisito que junta carnes e ossos num único verbete, numa única maré. Num único, maravilhoso e fugaz respirar.