Acorrentado ao meu silêncio
Arredia-me os pensamentos ante os discursos hoje entrincheirantes, inflamados, carregados de palavrões, vaidades expostas, virulência nos gestos, outros calados sendo depravados sem nenhum ais.
Diante de uma fuga impossível
Fico a sós, comendo os milhos transgênicos, dos sabugais.
Pátria amada!
Foste varonil, como eu, enquanto éramos jovens.
Hoje, envelhecidos e pobres
Arrebata-me a nostalgia dos nossos tempos idos.
Hoje retiraram o teu Manto Sagrado, o usam para limpar as sujeiras dos seus lábios impuros.
Em Deus confiam, mais confiam nos bacamartes.
Ignóbeis, devastam o nosso verde que vira cinza espalhada aos quatro ventos.
Hoje virando um solo estéril de agrotóxicos .
Ouro, prata esvaindo-se ares afora
E o petróleo tingindo os nossos mares.
A cultura pisoteada, a nossa educação esfacelada.
A nossa fibra escasseia-se dia-a-dia.
Assombreada pelas covas, virando uma estrada sinuosa.
Um mar de plástico nos cercando.
As algas povoando os mares
e os ratos, eleitos canibais, dando de comer e comendo partes de si.
Sobrará, talvez, a areia malcheirosa para os nossos banhos de sal.