Acorrentado ao meu silêncio

Arredia-me os pensamentos ante os discursos hoje entrincheirantes, inflamados, carregados de palavrões, vaidades expostas, virulência nos gestos, outros calados sendo depravados sem nenhum ais.

Diante de uma fuga impossível
Fico a sós, comendo os milhos transgênicos, dos sabugais.

Pátria amada!
Foste varonil, como eu, enquanto éramos jovens.

Hoje, envelhecidos e pobres
Arrebata-me a nostalgia dos nossos tempos idos.

Hoje retiraram o teu Manto Sagrado, o usam para limpar as sujeiras dos seus lábios impuros.

Em Deus confiam, mais confiam nos bacamartes.

Ignóbeis, devastam o nosso verde que vira cinza espalhada aos quatro ventos.

Hoje virando um solo estéril de agrotóxicos .

Ouro, prata esvaindo-se ares afora
E o petróleo tingindo os nossos mares.

A cultura pisoteada, a nossa educação esfacelada.

A nossa fibra escasseia-se dia-a-dia.

Assombreada pelas covas, virando uma estrada sinuosa.

Um mar de plástico nos cercando.
As algas povoando os mares

e os ratos, eleitos canibais, dando de comer e comendo partes de si.

Sobrará, talvez, a areia malcheirosa para os nossos banhos de sal.
Robertson
Enviado por Robertson em 29/05/2020
Reeditado em 02/06/2020
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