Acordei com a sensação de que minha lua estava em Vênus. Júpiter ou Marte, sei lá. De lua virada! Também essa história de NASA enviando satélites dá uma sensação de Big Brother Brasil, 24 horas sendo vigiada sem direito a manter privacidade. Extraterrestres vigiando as maldades da humanidade também. Aliás, uma viagem numa nave espacial seria um bom lazer nesse distanciamento social. Verdade é que qualquer frase solta seria capaz de convencer, tudo para ilustrar que acordei com o pé esquerdo e sou destra.
Fui ligar o computador e nem ele, coitado, queria uma prosa ou um flerte. Saúde mental é condição para a positividade, a minha viajou pra Nova Zelândia e foi cumprimentar Jacinda, diga-se de passagem, que mulher! Simplesmente apagou o micro. Tento de novo. E a constatação inevitável: falta de energia elétrica. Não lembro de um passado presente em que tenha ficado sem luz, as companhias de energia melhoraram bastante a prestação de serviços no interior.
Abri a janela, na tentativa de encontrar de um passarinho que trouxesse uma inspiração pra essa crônica tão esperada, mas nada! A não ser um tucano numa árvore há uns 400 metros. Dizem que é mau agouro, já me benzi toda e fechei a cortina. Como se isso pudesse esconder o fato de tê-lo visto...
Fui ligar a televisão como se ela fosse movida a esperança, controle na mão e uma espécie de “ralhar interno”: qual é, mana? Já está contando canudinhos ou feijão? 
Celular na mão e a esperança em 3G! Madonna se recusou a carregar suas letras tão extraordinárias para dar uma mãozinha! O vídeo, só rodando. E com ele minha paciência de gnomo em campo de concentração. Que “vibe” essa que não me permite uma tradução rápida de sentimentos para homenagear nossa maior inspiração literária do Bviw? Essa idealizadora dá trabalho!
Clarice Lispector veio tipo luva em dia de frio: “Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca...” Talvez seja essa a grande constatação sobre Marília Paixão, sem mais. Só podia vir dessa beldade literária!
Peguei o livro com seus textos e fiquei procurando um liame que trouxesse a essência necessária pra falar de Marília, mas não deu.
Não deu porque pra falar de Marília é preciso se encher da ternura de uma criança e feito menina, dançar na chuva enquanto aproveita a água pra limpar as dores da alma. É preciso juntar esperança em copos trincados pra esperar o que virá, não importa o tempo. É preciso enxergar a beleza nos gestos simples, na singularidade de ações que carregam os sentimentos em baldes e os distribui conforme a demanda.
Marília é espécie em extinção que junta, sem apertar, que abraça sem amassar, que briga, sem violentar.
Marília é a tela pintada com tons pastéis de brilho fosco (discreta, ela!).
Marília é a novela dirigida pela vida com participação especial em dias de domingo ensolarado (família).
Enfim, Marília é poesia ilustrada de uma alma encantada que não se conforma com o fim, porque pra ela, um ponto é um recomeço!
Sem inspiração, resta-me a ilusão de obter o perdão, já que artistas das letras ou romancistas em potencial, não cabem num texto... Quem dirá numa crônica.

Feliz Idade, Mestra! 
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 28/05/2020
Reeditado em 28/05/2020
Código do texto: T6960911
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