esperança de quinta

Ainda ontem, no mesmo instante em que eu desejava feliz aniversário a um amigo, desejava meus pêsames a outro. Lembrei de uma música que dizia “a cada minuto, um olho chora de alegria e outro de luto”. Como pesa a vida em isolamento e quarentena para pessoas que se profundam tanto. Eu sempre refleti sobre tudo mesmo antes de ser oportunizada a isso de forma tão veemente.

A vida não tem hora marcada para acontecer, e seu início e seu fim foge às nossas regras.

Acho que foi Neruda quem disse que escrever era fácil: começa-se com uma letra maiúscula, e termina com um ponto final. No meio você coloca as ideias.

Talvez essa seja a melhor metáfora para nossa vida também. E em tempos como os que vivemos hoje, tudo fica ainda mais evidente. Pelo menos para algumas pessoas. Eu confesso que já romantizei mais o possível “pós crise” e que fui perdendo a esperança conforme passavam os dias. Vou perdendo. Cada dia mais me convenço que o ser humano tem suas resistências para evoluir.

De uma forma abrupta, me dei conta que meus dois amigos mereciam meu abraço ontem. E mais uma vez, eu não pude dar. Independentemente de quem vai sair internamente melhor disso tudo ou não, abraços ainda são remédios humanamente curativos. Quantos você deixou de dar quando ainda podia? De qual você tem mais saudade?

Eu sinto falta do seu abraço.

Te dedico.

#TextoDeQuinta

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 28/05/2020
Reeditado em 28/05/2020
Código do texto: T6960598
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.