ATRIZ ANTÔNIA MARZULLO 3

ANTÔNIA COLÉGIO SACRE COER

Como já dissemos, no capítulo anterior, Antônia estudou no Colégio Sacre Coer, em Laranjeiras, bairro próximo ao Cosme Velho, onde moravam o ilustre Acadêmico Joaquim Maria Machado de Assis e sua esposa Carolina Xavier de Novaes.

Naquele colégio, estudou francês, a religião católica, entre outras matérias. Devota de Santa Rita, frequentava assiduamente a igreja com o nome da Santa, nas proximidades da Praça Mauá.

Era uma aluna muito aplicada; dominava tão bem o idioma, que foi escolhida entre todas as meninas para acompanhar o Cardeal Arcoverde, que ciceroneava, na época, um importante e ilustre cardeal francês que visitava o Rio de Janeiro.

Futuramente, ganharia sua vida dando aulas particulares de francês, como contavam Maurício, Dinah e Dinorah.

CARDEAL ARCOVERDE

Fazemos, aqui um breve comentário sobre o renomado Cardeal, que hoje é nome de rua e de estação de metrô no Rio de Janeiro:

Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, mais conhecido como Cardeal Arcoverde, nasceu em Cimbres, no sítio Olho d´água dos Brejos, atual município de Pesqueira, Pernambuco, a 17 de janeiro de 1850. Foi um sacerdote católico brasileiro, o primeiro a ser elevado ao título e dignidade de Cardeal na América Latina.

Foi reitor do Seminário de Olinda; décimo bispo nomeado de Goiás; décimo bispo de São Paulo; e décimo-terceiro bispo e segundo arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

Cardeal Arcoverde era filho de Antônio Francisco de Albuquerque Cavalcanti e de Marcelina Dorotéia de Albuquerque Cavalcanti.

Aos 13 anos, entrou para o Seminário Menor de Cajazeiras, na Paraíba. E, aos 16 anos, em 1866, seguiu para Roma, onde cursou Ciências e Letras, Filosofia e Teologia, tendo concluído seus estudos no Pontifício Colégio Pio Latino Americano.

Faleceu no Rio de Janeiro a 18 de abril de 1930, aos oitenta anos, na cidade do Rio de Janeiro, onde foi sepultado, na catedral metropolitana da capital fluminense.

< Antônia aos 19 anos.

Fazemos, aqui um breve comentário sobre o renomado Cardeal, que hoje é nome de rua e de estação de metrô no Rio de Janeiro:

Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, mais conhecido como Cardeal Arcoverde, nasceu em Cimbres, no sítio Olho d´água dos Brejos, atual município de Pesqueira, Pernambuco, a 17 de janeiro de 1850. Foi um sacerdote católico brasileiro, o primeiro a ser elevado ao título e dignidade de Cardeal na América Latina.

Foi reitor do Seminário de Olinda; décimo bispo nomeado de Goiás; décimo bispo de São Paulo; e décimo-terceiro bispo e segundo arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

Cardeal Arcoverde era filho de Antônio Francisco de Albuquerque Cavalcanti e de Marcelina Dorotéia de Albuquerque Cavalcanti.

Aos 13 anos, entrou para o Seminário Menor de Cajazeiras, na Paraíba. E, aos 16 anos, em 1866, seguiu para Roma, onde cursou Ciências e Letras, Filosofia e Teologia, tendo concluído seus estudos no Pontifício Colégio Pio Latino Americano.

Faleceu no Rio de Janeiro a 18 de abril de 1930, aos oitenta anos, na cidade do Rio de Janeiro, onde foi sepultado, na catedral metropolitana da capital fluminense.

OS ITALIANOS E O “SONHO DA AMÉRICA”

Em 1914, Antônia se casa com o italiano Emílio Marzullo, calabrês da cidade de Paola, filho de Vicenzo Marzullo e Concettta Mannarino, natural de San Lucido.

Vicenzo e Concetta [também chamada por Xóxa] imigraram para o Brasil, viajando no porão de um navio – viagem de 5ª categoria, na penúltima década do Século XVIII, trazendo os dois filhos, Eliseo Filippo (o Chico) e Emílio (este, ainda de colo). Com eles, um grupo de familiares – todos italianos paupérrimos e com a esperança de fazerem “o sonho da América”.

Acompanhavam-nos os irmãos de Concetta – Nicoletta Mannarino e seu marido Giuseppe Santoro, Carolina Mannarino e seu marido Francesco Chimenti (estes, depois, se mudariam para Ohio, EUA, e deixariam no Brasil sua filha mais velha, que acompanharia o marido) e filhos. Luiggi, Mannarino, o mais novo, voltaria à Itália, , após ganhar na loteria. Catnarina Santoro, neta de Concetta, nos contava que Luiggi sonhou com uma sequencia de números, comprou um bilhete, ganhou na loteria e partiu para sua terra em busca de Caterina de Luca, que se tornaria sua esposa. Havia ainda mais uma irmã de Concetta, Nicoletta, Carolina e Luiggi: Maria, que preferiu ficar na Itália com o marido e sua mãe, Rosária Pannofelice, que faleceria anos depois, aos 103 anos.

É triste a história de Rosária Pannofelice, mãe de Concetta, Nicoletta, Carolina, Maria e Luiggi. Filha de um funcionário da aduaneira, Rosária era “do lar” e levava uma vida dura. Não saía do tanque e da cozinha. E ainda tinha de criar 5 filhos. Nem sempre conseguia dar conta do serviço e preparar a comida do marido, que era feita num fogão à lenha, com estrutura de pedras, fora da casa, também feita de pedras. No frio, era duro ir lá fora para pegar água ou preparar alguma coisa.

Gennaro Mannarino já andava irritado com aquela situação. De vez em quando a comida atrasava. Capataz de uma fazenda local, o violento Gennaro chegava sempre faminto e, muitas vezes, tinha de esperar a mulher preparar e servir a comida. Certo dia, muito faminto e irritado com o fato de a comida não estar pronta, ainda, o calabrês aplicou-lhe uma surra violenta. Rosária apanhou tanto, que ficou 1 mês acamada. Quando melhorou, refugiou-se no convento de San Francesco de Paola, abandonando a casa, o marido e os 5 filhos, até morar com Maria, que a acompanhou até o fim da vida.

Catharina nos contou que quando Rosária morreu, Maria, professora de música, escreveu uma carta para os tios e primos do Brasil, pedindo o dinheiro gasto com o enterro da mãe. Mas os pobres italianos que moravam no Rio de Janeiro não tinham dinheiro para a contribuir com as despesas feitas pela irmã.

Quanto a Vicenzo Marzullo, era um humilde padeiro, que veio a falecer às 17 horas do dia 5 de março de 1911, aos 64, vítima de aneurisma da veia aorta, deixando viúva D. Concetta Mannarino e 5 filhos (dois deles com Concetta). Sua sobrinha Catharina Santoro, aos 94 anos, um ano antes de morrer, ainda se lembrava do tio Vicenzo:

“ - Morávamos todos juntos, na Rua Marquês de Pombal, na Praça XI. Ele usava uma argola numa das orelhas. Um costume que trouxe da Calábria. Estava na sala, quando ele morreu. Tinha 4 anos. Abaixou-se para abrir uma gaveta e caiu, fulminado, talvez, por um infarto. Seu corpo foi velado em casa. Os filhos tiraram uma das portas de um dos cômodos, puseram-na, apoiada, sobre duas cadeiras e, em cima das portas, colocaram seu caixão. Tudo à moda calabresa. parentes compareceram, como de costume, e italianas do bairro choravam e gritavam diante do caixão do falecido”.

O filho mais velho de Vicenzo, Eliseu Fillipo, o Tio Chico, era um grande eletricista. No início do Século XVIII, ele faria instalação elétrica em todos os cinemas da recém criada Cinelândia, a terra dos cinemas, novo bairro construído em cima de um areal, para concentrar todos os cinemas da Cidade Maravilhosa. Seu braço direito viria a ser um de seus filhos, o eletricista, cantor e compositor Vicente Marzullo.

Emílio, seu irmão, namorador como o pai e boêmio, que, algumas vezes o acompanhava, preferiu a poesia e a fabricação de perfumes. Era conhecido, popularmente, como o Poeta da Praça XI. Chegou a trabalhar no Cais do Porto do Rio de Janeiro. Ali, o poeta, sensível, sem habilidade para o trabalho rude, enfiou uma farpa na mão e teve tétano. Estava recém casado com Antônia. A prima Laura Santoro, mãe de Catarina, não o abandonou um só instante e lhe deu todos os remédios, ainda que estivesse com os dentes fortemente cerrados. Trabalhar duro, segundo Catharina Santoro, sua sobrinha, não era seu forte, como veremos adiante. Quem o conheceu, ouviu dizer que o italiano era bom de amor. Isso, ele fazia muito bem. Contamos ao todo 7 filhos: Maurício, Dinah e Dinorah [com Antônia] e Maria de Lourdes, João Baptista, Iracema e Lúmen Mas parece que o italiano deixou outros filhos, o que, até agora, não pudemos provar.

Volta e meia uma mulher batia na porta da casa do tio Eliseu, na Rua Bias Fortes, 41, em Bonsucesso, com uma criança no colo: “Filho do Emílio?”, perguntava. E o eletricista prosseguia: “ – Se tem sangue Marzullo manda entrar”.

Farta de ser traída e passar por sérias privações, Antônia decidiu que Emílio deveria ir embora e que ela seguisse a sua vida.

Maurício, o filho mais velho, presenciou a briga final entre seus pais.

A separação não foi muito bem aceita pela irmã de Antônia. Na época, uma mulher separada não tinha uma boa reputação. Eustachia ainda tentou convencer a irmã de que a traição era comum nos homens e que ela deveria continuar casada. Mas ela não ouviu a irmã e preferiu a separação.

Sabemos que Antenor a traía com muitas mulheres, enquanto era extremamente ciumento, a ponto de passar cera embaixo dos sapatos da esposa. Se, ao voltar do trabalho, os sapatos estivessem arranhados, ela teria ido à rua.

Antenor, segundo suas netas, chegou a ficar noivo de uma senhorita em Niterói, enquanto era casado com Eustachia. E, certa vez, o pai da moça apareceu em sua residência, em Madureira, onde Antenor foi desmascarado.

Quando brigavam, e Eustachia ameaçava separar-se dele, Antenor dizia com autoridade:

“- Aqui não tem nenhuma Antônia Marzullo!” E tudo voltava ao normal.

Eustachia casou-se com Antenor quando ela tinha 13 anos. Talvez não pudesse escolher seu marido. Antônia, mais rebelde, escolheu com quem deveria ser casar. Errou no casamento. Mas não seguiu as ordens do pai, o português Manuel Gomes Soares.

Antenor, machista, proibiu Antônia de visitar a irmã, com medo de que sua esposa fosse contaminada pelo vírus da liberdade que a futura atriz carregava em sua alma.

Antônia morreu primeiro e, no seu enterro, a irmã Eustachia, já viúva e livre do marido, chorou copiosamente, pedindo perdão pela separação que Antenor causara entre elas.

A atriz amava sua irmã, e sempre cultivou o amor, em nós, por Eustachia. É com carinho e respeito que falo da Tia Intá, tão querida por Antônia.

Fragmento da Biografia da atriz Antônia Marzullo, que ora escrevo.

Nelson Marzullo Tangerini
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 27/05/2020
Reeditado em 27/05/2020
Código do texto: T6960014
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