A crônica vive em paradoxo pois oscila entre a força de grandes escritores e críticos e a carência contumaz de prestígio do gênero. Trata-se de gênero versátil e que facilmente cai nas graças dos leitores, mas segue em retidão para desvalorização pois a academia insiste em negar sua própria individualidade e identidade enquanto texto.

A crônica é gênero diferente do ensaio, do romance que são tipos de texto mais exigentes e complexos. E, permite que mais escritores se aventure por ele, desafiando a lógica e a semântica da língua portuguesa.

A crônica em nosso país teve início no século XIX, quandoa autores como Machado de Assis e José de Alencar passeavam argutamente pelo gênero. A crônica é texto aberto que é permeável a expansão para crítica, ironia e até poética. Mas a crônica é aquela alma encantadora que nos permite tanto o estilo como o lirismo e, até mesmo, o uso do humor. Por vezes, até o fatídico humor negro.

A expressão foi criada por André Breton em 1935 que fora um teórico surrealista, se bem que suas raízes mais antigas estão fincadas na obra de Aristófanes. Seja utilizando temas mórbidos, sérios ou simplesmente patéticos. A crítica sempre ousa ser politicamente incorreta por causar desconforto, por querer despertar consciências ou até arrebatar indignação. O mais interessante da crônica é sua atemporalidade podendo servir para diversos momentos.

Particularmente, os de crise, como agora onde presenciamos patetices governamentais diante de necessidades prementes. Mas, não percamos as esperanças pois  são mais factuais e maiores que qualquer medo.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 26/05/2020
Reeditado em 26/05/2020
Código do texto: T6958982
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.