Infeliz a nação que se projeta nos idiotas
Na história, já surgiram vários presidentes cruéis e idiotas, mas nunca um cruel e idiota como o presidente do Brasil. E assim, parafraseando Bertolt Brecht que disse, "infeliz a nação que precisa de heróis", escrevo que infeliz é a nação que se projeta nos idiotas.
O herói, assim como o idiota, é construído pelos anseios da sociedade, que projeta nessas personagens seus instintos reprimidos. No caso brasileiro, o desejo é ver o outro difamado, perseguido e destruído. O idiota brasileiro se vê representado por Bolsonaro porque ele é a síntese de seus valores.
Prova disso foi o vídeo da reunião ministerial. Logo após a divulgação, enxurrada de mensagens favoráveis a Bolsonaro começaram a 'pipocar' nas redes em apoio a um amontoado de crimes e falta de decoro cometidos por quem ali estava e abriu a boca.
O que se viu foi uma reunião de lunáticos conspiratórios com um líder ensandecido e grosso ameaçando o país com uma guerra civil. Seus ministros pregando o ódio às minorias, aos povos indígenas, quilombolas, ciganos. O ministro do meio ambiente dizendo que o governo poderia aproveitar a pandemia para aprovar leis de desmatamento. A sala onde estavam reunidos parecia um 'covil de piratas pirados', não no sentido festivo de Júlio Barroso, mas no pior sentido metafórico.
Os apoiadores comuns e os adoradores do torturador, regozijaram com o que viram e ouviram porque são iguais, pensam da mesma forma, são analfabetos políticos e idiotas úteis, orgulhosos e representados primitivamente por um sujeito violento que não respeita a família, a nação, a liberdade seja em que sentido for, e faz apologia ao armamento.
Os empoderados pelo esgoto de ideias da extrema direita fascista, podem ser pessoas comuns do cotidiano, como o cara que conserta o seu carro, dirige o táxi, cuida da horta, o pastor da igreja, o que obtura o seu dente ou prescreve uma receita, porque não questionam, ou mesmo se importam, se o presidente mandou alterar a bula de um remédio que pode vir a matar alguém da sua família, não estão nem aí para os crimes do ‘herói’.
Chega um momento em que, querendo ou não, o idiota acaba virando herói. É tosco, mas é real. A aura do herói acaba caindo sobre a cabeça do idiota que, quanto mais idiota, mais herói se torna. O vídeo chancelou isso, foi uma aula de sociologia e filosofia. Maquiavel, presente!
Tanto o herói quanto o idiota projetado, paralisam a potencialidade daqueles que o veneram, tornando-os acomodados e sem olhar crítico. Isso justifica o endeusamento de uma figura do mal por pessoas do bem.
Ricardo Mezavila.