Harmonia?!
Não existe harmonia em canto nenhum deste planeta. Pessoas brigam por tudo: petróleo, marido, cor da pele, status, dinheiro, política, orientação sexual... A paz mora pra lá da utopia e não é boba de entrar nessa guerra. A paz não quer deixar a paz. Quem a quer que procure por ela.
Em todas as fases da história da humanidade, espíritos valorosos bagunçaram o coreto quando a justiça foi ameaçada: Gandhi, Martin Luther King... Sei de um que aprendi a respeitar e a admirar ainda criança. O nome dele é Luiz de Mattos. Um homem que sofreu tanto para implantar uma filosofia humanista (e compartilha-la) quanto para construir um espaço físico destinado a reuniões doutrinárias; fundou o jornal A Razão que o levou inúmeras vezes aos tribunais porque despejava verdades que incomodaram a muitos. Desde adolescente, sou fascinada por seus escritos. Revendo, esses dias, duas de suas obras, me deparei muito com os termos charlatão, embusteiro... Nomes que ele dirigiu sem dó nem piedade a quem mereceu.
Cristo assim também agiu. Falou verdades, tirou a paz de muita gente que levava vida de nababo em prejuízo de uma grande maioria que passava fome. Ele reagiu com firmeza, destoando o seu discurso do que era vigente, causando desarmonia. Ele foi um contraste, uma diferença; destoar estabeleceu o seu valor como uma pérola entre os porcos.
Hoje estamos diante de uma situação gravíssima de pandemia, tendo que aturar um presidente ora rindo, ora destratando jornalistas, ora passeando de jet ski, dando de ombros a um número brutal de mortes e até mesmo ameaçando a Constituição com posturas anti-democráticas.
E nós o que podemos fazer?
A OMS nos recomenda lavar as mãos literalmente, mas não bancar o Pôncio Pilatos que nada fez quando deram preferência a um criminoso.
Às vezes, a harmonia depende de guerra; e nem sempre a guerra depende de violência. Se o coronavírus pôde cruzar os braços de tanta gente, um verme também pode.