VIAGEM NO TEMPO PELO RIO ANTIGO - PARTE III

Colonial, mourisco, art déco, prédios contemporâneos - passeio por estilos arquitetônicos da cidade do Rio.

1 - Memória do período COLONIAL - O que restou da arquitetura de 1550 até o início da República, testemunho da sociedade na época: construções irregulares, calçamento pé de moleque e prédios públicos com paredes grossas para resistir a bombardeios. Grande destaque o Paço Imperial erguido junto à antiga casa da moeda e ao armazém real. Datada de 1743, construção tombada pelo IPHAN, no início residência, casa de governadores e vice-reis, paço em 1808 com a chegada da Família Real, espaço que sediou eventos históricos: Dia do Fico e assinatura da Lei Áurea - virou centro cultural em 1985.

2 - Influência MOURA transparece em alguns prédios: fachada do Teatro Riachuelo (foi o Cine Palácio e Cassino Nacional Brasileiro) na Lapa, transformado em prédio neomourisco em 1901; atual sede da Casa do Choro desde 2015, construção de 1902, apelido "mourisquinho" e que abrigou o Lar das Crianças Israelitas e depois uma das salas promovia rodas de choro com Jacob do Bandolim, Pixinguinha e Altamiro Carrilho na rua da Carioca no Centro, amplas janelas ogivadas e uma torre coroada por uma cúpula. Estrela do mourisco no Rio em Manguinhos, tombado pelo Iphan, Castelinho da Fundação Osvaldo Cruz, 1918, um ano aposta a morte do sanitarista que o rabiscara e passou a missão a um arquiteto português, destaque em detalhes nas torres com cúpula de cobre, janelas, escadaria de mármore carrara e mosaicos dos pisos como tapeçaria árabe; abriga atrações: Museu da Vida. borboletário e peças de teatro.

3 - ART DÉCO - O pesquisador Márcio Roiter, que preside o Instituto Art Déco, lembra o movimento artístico iniciado na Europa em 1910, e só bombou na década de 50 na arquitetura do Brasil, onde se imbricou com as linhas da cultura indígena marajoara e privilegiou traços retos e harmônicos, brilho e luxo de detalhes, como a fachada do Teatro Carlos Gomes, marquise iluminada, e Cinema Roxy, escadaria idêntica à do navio L'Atlantique, familiar da burguesia abonada. Idem pelos navios, invenções do progresso e veículo como símbolo de modernidade. Rio, considerado referência da ART DÉCO da América Latina, com mais de 300 prédios e construções no estilo: icônico prédio residencial Biarritz na Praia do Flamengo; Edifício Mesbla no Centro; Cristo Redentor - símbolo da cidade -, com 38 metros, a maior estátua art déco do mundo; Bar Lagoa; Livraria Cultura (foi o Cine Vitória) no Centro; Clube dos Democráticos na Lapa.

4 - RIO ECLÉTICO - Alguns prédios tem características de diferentes estilos, como o Teatro Municipal no Centro, 1909, exuberante estilo eclético criado por arquiteto francês com inspiração no Palais Garnier, da Ópera de Paris - evoca a Belle Époque francesa em seu luxo, café em estilo neobabilônico; embora bem mais sóbrio, o prédio do Centro Cultural Banco do Brasil, ecletismo tardio com traços do neoclássico, bem mais comum e urbano; mistura também na Confeitaria Colombo, no Castelinho do Flamengo com traços góticos e maneiristas, colunas retorcidas e ornamentação sofisticada, certa erudição, e no Museu Nacional de Belas Artes.

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FONTE

"Bem traçadas linhas" - Rio, jornal O GLOBO, 12/5/17.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 21/05/2020
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