VIAGEM NO TEMPO PELO RIO ANTIGO
1---CLARABOIAS - Não importa onde estejam (casarão neoclássico, castelo barroco ou casa moderna), a claraboia /abertura no alto da modificação que permite a passagem da luz natural/ é um recurso arquitetônico que resiste às mudanças de estilo. / No Rio, bom exemplo é a CONFEITARIA COLOMBO, no Centro, inaugurada pelos imigrantes portugueses Joaquim Borges de Meireles e Manuel José Lebrão, em 1894 - importada da França em 1922, exuberante, cheia de vitrais, tem 8 metros de comprimento e 4,5 de largura, já restaurada e continua admirada. / No Palácio do Catete, claraboia alemã instalada em 1863, é uma das mais antigas da cidade, vitral composto por 288 peças, exuberante colorido à iluminação. Projeto do arquiteto alemão Gustav Waehneldt, foi construído para a residência de Antônio Clemente Pinto, o Barão de Nova Friburgo, que ali viveu de 1858 a 1867 - de forte influência renascentista, presente nas primeiras construções urbanas de Florença, detalhes decorativos como as folhas de acanto. Contraste entre palácio inaugurado em 1909 (várias alterações, especialmente na década de 30, acréscimo de um pavimento, que alterou a volumetria da edificação, eliminando a claraboia original) e a claraboia moderna instalada em 2001. / Claraboias ajudam na circulação quando articuladas com venezianas ou lanternins, que permitem a saída do ar, que é esquentado pela pela refração do vidro, criando no interior da edificação uma corrente contínua. Solução antigo para um desafio moderno: a necessidade de economizar energia, fazendo uso de iluminação e ventilação naturais.
2---A Inconfidência Mineira foi esmagada pela rainha D. MARIA I, cuja morte completou 200 anos. Apelidada "A Piedosa" e "A Louca", durante 3 meses foi rainha do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves instituído em 1815 por seu filho, príncipe regente, D. João. Ela viveu seus últimos dias no antigo Convento do Carmo, ao lado do Paço da Cidade, na atual Praça Quinze, onde funciona uma faculdade particular - edifício com fama de mal-assombrado: gemidos e sons estranhos na madrugada, nos aposentos usados pela rainha. "Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história do Brasil e de Portugal? (jornalista, escritor e professor Laurentino Gomes). / "Antes da loucura, culta, afeita a assuntos do Estado, ela fez um bom trabalho fecundo de realizações: concordata com a Santa Sé, tratados de comércio, missões científicas no Brasil, fortalecimento militar, melhora nas contas públicas, criação da Academia Real das Ciências
da Real Biblioteca Pública, da Academia Real de Marinha e da Casa Pia de Lisboa (historiadora Mary del Priore). / Em Portugal, princesa descrita como de "índole muito doce, caráter piedoso, humano, afável"; depois, como rainha, "senhora de nobre e majestosa figura". No Brasil, figura atrelada à sentença da morte de Tiradentes quando ainda estava lúcida e governava o império português. Chegou ao Brasil em 1808, insana, uma das passageiras do navio Afonso de Albuquerque, onde ocorreu uma epidemia (infestação incontrolável, mas não pandemia!) de piolhos durante a travessia do Atlântico, os médicos (OMS surgiu depois) decidiram cortar o cabelo das mulheres e jogá-lo ao mar, cabeças carecas untadas com banha de porco e pó à base de enxofre.
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FONTE:
"Recursos arquitetônicos que resistem às mudanças de estilo" -- "Ai, que loucura" ---Rio, jornal O Globo, 2/11/14 e 17/4/16.
F I M