LIBERDADE VERDADEIRA.
Liberdade verdadeira não desenha discurso para negá-la sob motivações absolutamente indevidas. Nenhum fundamento legitima ausência de liberdade. Seus propósitos são filhos da tirania.
Qualquer posição contrária às liberdades disponíveis que confrontam as leis viola o direito natural.
A verdadeira liberdade não sofre grilhões da consciência. Somente é liberada pela inconsciência, motivada pela deseducação ou pela bravata. Aquela por falta de saber, esta pela pantomima que se vê no circo.
Somente o insano engana a si mesmo se dirigindo aos princípios que negam uma organicidade social ainda que falte plenitude na satisfação de seus fins.Só os limpos vivem o cenário da vida arejada, onde a conduta não fustiga a alma, nem põe em combate os decretos sociais.
Transitar livremente quando o interior cinzento ainda se acha velado, é caricatura de uma liberdade inexistente, que o cárcere desnuda no palco de um teatro onde não há mais cortinas. Ou se abaterá o medo.
A única liberdade é a de não alarmar nem desservir aos teus iguais sob o manto da invectiva, forrada no pessoalismo e na vaidade sem títulos, demeritória e rasteira. Um dia o perfil do que se é e que se foi se mostra inteiro. Não há possibilidade inversa.
Ninguém se afirma contrariando os conviventes e as regras por eles impostas; é a sociedade criada e o Estado revelado ao qual não podemos enfrentar, pois normatiza.
Se te convenceres da liberdade que não liberta, agarrado ao monumento desenhado pela ignorância, em cenário construído sob mentiras, complexos e vaidades, buriladas no porão obscuro das grades mesmo benevolentes, não te livrarás das atribulações e agruras das moléstias que assaltam o pensamento. Sofrerás na convulsão da alma nos momentos inevitáveis.Nada que se faz deixa a causa eficiente sem retorno ou sem registro.
Duas forças perturbam esse séquito de desesperos: o ideal e o interesse. O interesse trepida na instabilidade, vive de vitórias compressoras e morre de derrotas conjuradas, ressurge na desforra para capitular na anarquia, conta pelo número, mas desmorona na ambição. O ideal sobrevive na dignidade que não aprisiona a vontade.
Ninguém avança na mentira, nem faz do Estado e seus mandamentos um vassalo de fantoches. O palco um dia fecha suas cortinas. As grades da violação das liberdades são nossas vizinhas para testemunharem a pobreza, a miséria, o desrespeito ao direito e a insurreição à vontade humana em seus mais tímidos e legítimos propósitos.