O CRUCIFICADO E EU

(para entrar na história ouça o Adágio para Cordas - de Barber)

O caminho era cheio de pedras e irregular. Seus pés feridos tropeçavam ao longo do caminho. Suas vestes estavam manchadas de sangue e suas mãos feridas. Ele caminhava até o Seu destino. Alguns O encaravam, outros viravam o rosto.

Um homem foi escolhido na multidão: _ Carregue a cruz!, gritava o insensível soldado, que com outra mão deferia golpes no indefeso Condenado.

Eu assisti a tudo de longe: a gritaria na saca de Pilatos, a multidão enfurecida saudando a Barrabás, que foi acolhido salvo nos braços do povo, como se nunca tivesse matado, roubado ou violentado ninguém. O perdão do povo veio sobre um criminoso. Mas não sobre o outro, que estava semi nu, tremendo de frio, todo ensanguentado, batendo os joelhos. Até que seu olhar alcançou o meu, na minha janela, no alto da minha casa, no meio do meu orgulho.

E algo em mim se moveu de uma forma inexplicável. Era como se meus sonhos e projetos, meu patrimônio, minhas casas e meu tesouro ruíssem. Por nada mais ali valia viver ou lutar! Nada mais era mais precioso do que aquele olhar sobre mim. Aquele olhar entrou na minha alma, examinou minha vida desde que nasci e me encontrou em meus erros e enganos.

Faltou-me o ar, enquanto o povo O arrastava para longe de minhas vistas. Estava livre e presa ao mesmo tempo. Estava alegre e triste, queria chorar e sorrir, ir e ficar. Tudo ao mesmo tempo. Indescritível e impossível: fui cortada ao meio mas permanecia viva.

Rapidamente mandei selar meu cavalo mais ágil e atravessei as ruas da cidade, sem pensar e questionar na roupa que vestia, nas joias, nos colares, no meu penteado. Atravessei planícies e rios, subi montanhas, cortei vilarejos em busca Daquele homem com aquele olhar. Para onde O levaram? Qual Seu nome? Por que me olhou daquele jeito? O que Ele fez comigo?

Depois de algumas horas encontrei uma grande multidão que gritava um Nome, que não entendia bem. Queria chegar mais perto e então desci do meu cavalo e caminhei até encontrá-Lo. Todos cercavam- No, espremiam-No tanto que Ele mal podia andar, sequer respirar. Carregava algo parecido com uma cruz, que tantas vezes vi outros criminosos carregando cheios de dor e de gritos. Mas Ele não gritava, apenas seguia Seu destino, Seu caminho.

Eu fui atrás da multidão, espremida, tropeçando, até que meu vestido se rasgou, minha sandália se partiu ao meio mas não deixei se seguir Aquele homem pelo caminho que levava-O até a morte. Precisa perguntar-Lhe o que fez comigo, desde que Seu olhar cruzou o meu. Ninguém me olhou assim!

A montanha era alta, bem íngreme. Vi outros 2 condenados gritando e ofendendo seus algozes. Sentiam cansaço e pediam água, mas nada lhes davam. Suas roupas também estavam surradas, seus pés também sangravam. Mas Aquele homem, nada dizia, nada pedia. Apenas caminhava, às vezes caía e Se levantava e parecia que o sol refletia com mais força cada vez que Ele Se erguia do chão novamente.

Quando chegamos no alto da montanha, vi tantas coisas que não sei se sou capaz de descrever aqui:

Havia homens e mulheres chorando, homens e mulheres xingando-se uns aos outros. Havia também homens e mulheres chorando de joelhos, implorando por misericórdia. Eu não entendia nada daquilo. Então três cruzes foram erguidas: uma para cada mal feitor do povo. Vi que dois deles gritavam e pediam para sair da cruz, que lhe soltassem os pregos, que era injustiça suas mortes, que mereciam um melhor julgamento, que não mereciam morrer assim. Os soldados pouco se importavam com seus gritos e vi alguns jogando sortes sobre uma túnica velha e surrada. Seria daquele Homem do meio?

Aproximei-me de uma mulher amparada por um jovem e ambos choravam muito. Eles foram até o Crucificado do meio, que pareceu dizer-lhes algo que concordaram. Talvez fossem mãe e filho. Aquela cena me encheu de tristeza e comecei a chorar ali, olhando Aquele Homem nu, todo ferido e por momentos pensei que fosse Inocente de estar ali, diferente dos outros dois, que mesmo em meio a dor, ainda gritam de raiva. Porém, um deles se calou e olhou para o Homem do meio e disse algumas palavras. Confesso que não entendi tudo o que conversaram, mas ouvi um Nome: JESUS. Seria esse o nome do Crucificado do meio? Jesus?

Um grupo de homens bem idosos se aproximou de Jesus – vou chama-Lo assim, pois deve ser esse o Nome Dele – importunando-O sem pena, pediam para que Ele descesse da cruz. Era quase meio dia, e o sol refletia no corpo de Jesus de uma forma que nunca vi. Pensei comigo: Como poderia descer Ele da cruz, com um corpo tão débil e cansado? Como poderia Ele convencer aqueles anciões de que não poderia fazer isso? Ou poderia e não queria fazer?

De repente o céu começou a escurecer. Percebi que muitos se afastaram das cruzes. Os outros dois criminosos já estavam morrendo porque que calaram. Jesus ainda vivia. Foi quando Seu olhar caiu sobre a multidão novamente. Um soldado romano, caiu de joelhos. Outro soldado saiu correndo. Um centurião ficou ali parado olhando a cena e pude ouvir Ele dizer: SIM, COM CERTEZA ESSE ERA O FILHO DE DEUS! Eu olhei para ele, tentei perguntar alguma coisa, mas ele se foi em seu cavalo. Fiquei ali sozinha e Jesus olhou novamente para mim.

Parecia que o tempo tinha parado. Conversamos olhando um para o outro, como se fôssemos amigos de longa data.

ELE me olhava, chorava, sorria. E eu chorava muito. Eu contava-Lhe sobre o meu passado, sobre minha família, meus filhos, meus erros, minha história. E Ele olhava para Mim e sorria. De repente, começou a chover e todos foram embora, menos eu. Seu rosto foi iluminado pelo último raio de sol daquela manhã. Fiquei ali um pouco mais, esperando ver de novo aquele olhar. Mas Ele ergueu o corpo num último suspiro....e morreu.

Quando me levantei, o céu estava negro de um tempestade que em breve viria e então e desci rapidamente a montanha. Meus pés iam sem freio, mas meu corpo e minha mente estavam mais leves. Eu estava feliz e sabia o por quê: eu havia ressurgido quando Jesus morreu.

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Para conhecer mais sobre esse Homem da Cruz, ofereço estudos Bíblicos gratuitos pelo e-mail: artes.clausp@gmail.com

ClaudinhaDesigner
Enviado por Gerlane Wallace em 19/05/2020
Código do texto: T6951852
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