QUEM CUIDA DE QUEM CUIDA?
Os dias vão passando e a gente vai inventando coisas e novos modos de compartilhar. Ainda sim me pego pensando o que fazer nessa quarentena. Tem gente que vai escrever, tem gente que vai cozinhar, tem gente que vai assistir séries e tem gente que vai caminhar. Mas tem dias que não sentimos vontade de fazer absolutamente nada. E o que há de errado nisso?
Hoje li um texto que falava que a poesia não salva o mundo, mas salva o minuto. E, talvez seja essa sede que temos presenciado. Se antes reclamamos que não tinha tempo, hoje temos tempo demais. O meu maior desafio é preencher um espaço-tempo com que eu realmente gosto de fazer: escrever. Fazer mais poesias em tempos bicudos - Quero sentir cada aspecto, percorrer linhas, beber um café enquanto escrevo. Compartilhar crônicas no Recanto, mergulhar no universo da escrita.
Eu demorei para assimilar o lado bom desse isolamento. Porque me lembrei de muitos momentos anteriores a esse período que estamos vivendo. Vivi intensamente o ano novo, o carnaval. E agora me pego tentando reorganizar a minha lista de objetivos que foi criada antes da meia noite do dia 31 de dezembro de 2019. Sem mais delongas, o lado positivo dessa situação será o olhar acolhedor para o próximo e com a natureza. Me parece que, em uma sociedade capitalista, tem gente ainda se importando com a vida.
Em uma analise mais profunda, tomara que eu e você reaprenda a curtir, a sonhar, a sorrir com vontade. Estar com os amigos trocando afeto, somando forças. Cuidando de quem cuida de nós. Como diz Joan Didion, “A vida muda rápido. A vida muda em um instante. Você senta para jantar e a vida, como você a conhece, acaba”.