Madrugada-19 em Dubai
Procurando sarna pra me coçar, saí navegando pela Internet, querendo ver e aprender mais. Foi assim que, entre uma conversa e outra, dei com os costados em uma página sobre Dubai, Emirados Árabes. Nem vou descrever o que pude assistir através de vídeo. Estou humilhada, cabisbaixa, complexada, com raiva do Brasil e mais ainda dessa binga de Pátria amada, frase dita de forma tão falsificada.
Dubai é mesmo a cara da riqueza, da ostentação, da beleza da inteligência humana e de sua engenhosidade. Ah, quem me dera meus 18 anos para me largar para aquele paraíso na terra...
A gente aqui se matando, gritando Fora, Collor; Dilma, Temer e o peste do Jair. E aquele mundão todo lá, cheio de opções, cheio de tudo que merece o termo inenarrável. A vida por lá parece eterna, pois não dá para viver ou vivenciar aquilo tudo por mais que na terra permaneçamos.
Estou p--- da vida com esses nossos "patrões" públicos e particulares, sobre os quais a notícia de que já estiveram em Dubai corre solta por essa pequenina e humilde Aracaju, aqui perdida na solidão nordestina. A solidão agora de nem poder ir às praias, às casas noturnas, tudo pobrinha.
À altura etária em que me encontro e com a desgraçada aposentadoria que me cabe nesse latifúndio, pude chegar à triste conclusão de que, a não ser caso de milagre, verei aquele desbunde que é Dubai, aquelas jóias expostas nas lojas como se nos dissessem que tudo o que temos é tambaque. Não sabe o que é tambaque? Pois pesquise. Já estou enraivecida também com você, leitor deste texto.
A lista do que não vi e nem verei é imensa! Quem estudou e ainda estuda como eu, quem trabalhou e ainda trabalha como eu, teria que ter plenos direitos de conhecer as belezas do mundo e, de também se hospedar naquele hotel de um apartamento por andar, exclusividade de poderosos sheiks, e cuja diária é uma fábula em dólares.
Não, nada disto me pertence, pertence sim aos políticos que gastam o dinheiro do povo e criam sistemas esmagadores que mantêm os olhos dos pobres proibidos até de sonhar com Dubai, muito menos de pisar aquele chão...
*Tânia Maria da Conceição Meneses Silva, professora aposentada e na linha de tiro da COVID-19.
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