PRESENÇA DOS AUSENTES.
Frase atribuída a Olavo Bilac: "Saudade é a presença dos ausentes". Não se foram, estão próximos. Vivemos o turbilhão do paradoxo.
Uma ausência estranha, presente...antinomia, contradição, embate da razão, aspereza racional, aresta escarpada, sentida e não avaliada na elasticidade de sua conformidade, pois é forma em sentimento, firmada em estrutura emocional coesa, imbatível, alicerces vigorosos, de universal explicitação, inconteste, mora em todos os rincões, na história, nos cemitérios, nas distâncias de imensidões incalculáveis, agora nas vizinhanças do sentimento.
Parece que o ausente está ou estará presente, nunca nada como agora.
De repente, surgirá, abraçará, como em episódio que não se espera e ocorre, como um teatro que somente são aguardadas as cortinas se abrirem.
O quê é isso? Inescapável o amor presente que nunca será ausente, em qualquer escola de crença, arte, verbo, filosofia, ele é soberano no habitáculo sagrado chamado coração, aquele que bombeia sangue, química, oxigênio e vida, que parou no ausente e fica presente no interior de quem ama inesquecivelmente. Estranho... A magia interrogada da vida, inexplicável como surge, e finda, com destino lavrado na fé, na razão abortada pela desrazão, e também na pura rejeição da transformação natural, nos acreditados só na matéria, que recebem, fortemente e também, em antagonismo gritante, esses sinais do sentido, a corroborar, desmistificando, contrariedades opiniosas, envoltas em halo de percepção de não podermos ser só matéria, que sobressaem embora veladamente, e agora se confundem na presença/ausência.
Que o diga o testemunho etéreo do ausente que agora com força se apresenta, presente pela saudade distante e próxima, tenazmente, que não é matéria, mas memória que se protagoniza. Mas ressurgirá com todas as cores. A saudade é dominante e soberana, algemando a vontade, só apaga o tempo quando os saudosos passam, também, a serem saudade. Ela irá se dissipar, todos poderão, de novo, se abraçarem, se beijarem, se amarem.