Saudade do meu analista
Há pouco lembrava de quando dei alta a meu analista, é isso mesmo, nós os pacientes costumamos tomar esse tipo de decisão, e somos levados por diversos fatores, seja por acreditar que tudo é uma grande perda de tempo, por temer se expor, mas, no meu caso específico, tenho agora a certeza de que agi dessa forma em função de ouvir minha própria voz insistindo alertar que a culpa não era minha, e nessas horas era estranho, pois uma vida toda convivendo com aquela que seria a grande verdade e de repente, numa sala em que a maior das decisões que precisava tomar era em qual cadeira deveria sentar, se o controle do ar condicionado estaria mais para a direita ou para a esquerda, qual a reação se por um acaso escolhesse a opção errada, e qual a opção certa quando não existia nenhuma regra?
Eram tantas dúvidas e medos antes de iniciar o processo, que acabei criando mais algumas, e me dei conta que a questão era essa, apenas medo, medo de tomar uma decisão, medo de não agradar, e lembrei da minha dúvida existencial, lembrei da criança com quase sete anos de idade, que atravessou a casa, chegou até a cozinha e precisava responder se aquela água estava ou não fervendo, e precisava acertar a resposta, correndo o risco de ser severamente castigada, e qual era a regra?
Ninguém explicou nada sobre aquelas bolhas que subiam lentamente por todo o volume da leiteira e explodiam no alto, e quando a intensidade fosse maior, feito um vulcão de desenho animado entrando em erupção, seria exatamente a água em estado de ebulição, ou apenas a resposta certa, a água estaria fervendo.
O riso leve é de quem aprendeu que pode dizer não, quando esta for a resposta que mais lhe agrada, e sim, apenas quando lhe fizer bem, e na grande maioria das vezes, antes de decidir algo de grande relevância, pedirá um tempo, principalmente se existirem documentos para assinar e as letrinhas grandes ou pequenas pedirem melhor compreensão.
Há pouco lembrava de quando dei alta a meu analista, é isso mesmo, nós os pacientes costumamos tomar esse tipo de decisão, e somos levados por diversos fatores, seja por acreditar que tudo é uma grande perda de tempo, por temer se expor, mas, no meu caso específico, tenho agora a certeza de que agi dessa forma em função de ouvir minha própria voz insistindo alertar que a culpa não era minha, e nessas horas era estranho, pois uma vida toda convivendo com aquela que seria a grande verdade e de repente, numa sala em que a maior das decisões que precisava tomar era em qual cadeira deveria sentar, se o controle do ar condicionado estaria mais para a direita ou para a esquerda, qual a reação se por um acaso escolhesse a opção errada, e qual a opção certa quando não existia nenhuma regra?
Eram tantas dúvidas e medos antes de iniciar o processo, que acabei criando mais algumas, e me dei conta que a questão era essa, apenas medo, medo de tomar uma decisão, medo de não agradar, e lembrei da minha dúvida existencial, lembrei da criança com quase sete anos de idade, que atravessou a casa, chegou até a cozinha e precisava responder se aquela água estava ou não fervendo, e precisava acertar a resposta, correndo o risco de ser severamente castigada, e qual era a regra?
Ninguém explicou nada sobre aquelas bolhas que subiam lentamente por todo o volume da leiteira e explodiam no alto, e quando a intensidade fosse maior, feito um vulcão de desenho animado entrando em erupção, seria exatamente a água em estado de ebulição, ou apenas a resposta certa, a água estaria fervendo.
O riso leve é de quem aprendeu que pode dizer não, quando esta for a resposta que mais lhe agrada, e sim, apenas quando lhe fizer bem, e na grande maioria das vezes, antes de decidir algo de grande relevância, pedirá um tempo, principalmente se existirem documentos para assinar e as letrinhas grandes ou pequenas pedirem melhor compreensão.