PRISÃO INVISÍVEL.
Tão perigoso quanto o vírus é o medo que o mesmo está causando nas pessoas. O medo aprisiona, trás pânico, e acaba sendo a porta de entrada de outras doenças psicossomática no organismo, doenças perigosas e que pode ser letais. Com o isolamento se prolongado, o número de infectados e de mortos aumentando, fica uma sensação de incerteza e impotência em cada um de nós. Junto ao iminente colapso da saúde teremos em paralelo o da econômica, também em estado crítico. Não há muito o que se fazer... O melhor remédio é ficar em casa, proteger quem amamos. A sensação é de estarmos ilhados em um mar de concreto, são semanas que se seguem mais parecendo anos. E de repente, no decurso desse tempo, bate no peito aquela saudade dos parentes, de sair um pouco de casa. Embora pareça absurda as medidas tomadas, cada uma delas são de extrema importância para salvar vidas, principalmente daqueles que estão no grupo de risco, presos em casa e em si mesmos. Enquanto a cura não chega, ficamos à mercê desse inimigo invisível. Lavar as mãos, álcool em gel, uso de máscaras, isolamento... Enfim, estas são precauções que todos devemos tomar, entretanto, o medo que para uns se agigantou, acorrentando-os em seus lares, para outros, parece não fazer a menor diferença.
Eu não faço parte do grupo de risco, contudo, o meu trabalho é um dos essências que não pode parar, por isso, todos os dias saio de casa, faço a minha parte tomando todas as medidas necessárias, e com muito rigor eu diria, mas, o que eu vejo diariamente no meu trabalho são pessoas indiferentes à tudo o que acontece no mundo. Não usam máscaras, trazem consigo idosos para o mercado sem a mínima necessidade, crianças de colo sem máscaras, não respeitam o distanciamento exigido, e ainda são desrespeitosos quanto orientados... É a dura realidade.
A cada novo dia, novas vítimas… Muitas delas conhecidas do público. Neste último domingo por exemplo, o Brasil perdeu um de seus grandes nomes da literatura, faleceu neste domingo (10) um dos maiores escritores brasileiros: Sérgio Sant'Anna. O contista, autor de inúmeras obras, estava internado no Rio de Janeiro, com sintomas de à covid-19 e não resistiu a complicações respiratórias. Sérgio tinha 78 anos e deixa dois filhos, os também escritores Ivan e André Sant'Anna.
Sérgio nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1941. Mudou-se para Belo Horizonte para cursar direito na Universidade Federal de Minas Gerais, onde formou-se no ano 1966. Em 1967, mudou para Paris, onde pós graduou-se em direito pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris Após a pós-graduação conseguiu uma bolsa para participar de aulas num projeto chamado "International Writing Program" na Universidade de Iowa. Em 1977, voltou a viver na cidade do Rio de Janeiro, onde passou a ser docente na da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro onde atuou até o ano de 1990. Envolveu-se na revista Cult atuou como colunista no jornal O Dia e escreveu nos cadernos literários dos mais importantes jornais brasileiros, como a Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil.
Sérgio, como muitos outros, famosos ou não, conhecidos do público ou não, deixará lágrimas nos olhos de seus familiares e uma dor na alma que nunca vai passar. Tomei como exemplo o Sérgio, por ser ele um dos escritores que mais admiro, mas, à notícia poderia ser à do José, do Antônio, da Maria, ou da Lurdes, pessoas importantes para seus familiares… Muitas vidas estão se perdendo, a culpa não é somente do vírus, é também daqueles que não respeitam, não se importam, em que a única preocupação é com o churrasco e com a cerveja gelada, são esses negligentes agentes transmissores em potencial, que sem se importarem, transmitem o vírus, que por sua vez terá como vítima o anônimo José, Antônio, Maria, Lurdes, e tantos outros, pessoas tão próximas deles geograficamente, quanto distantes do coração ao mesmo tempo…