LASCÍVIA...PAIXÃO.

Caminhava tranquilamente ao cair da tarde, sem saber da surpresa que o aguardava. Ao passar em frente a uma igreja entrou e se postou na frente da porta principal. Havia missa. De repente se acerca de si uma moça nova e pergunta entre um sorriso descido dos céus se teria outra missa após a que acontecia. Perturbado pela beleza singela da aparição encantada, disse após inebriar-se por uns momentos em seu cativante rosto, que não sabia. A visão sempre sorridente se afasta para uma lateral externa à Igreja. Lá algumas pessoas estavam em conversa. Volta a Deusa e se dirige novamente ao envolvido por aquela visão em meio a um turbilhão de beleza que irradiava sua pela morena clara, seu olhos de jaboticaba, suaves, dentes alvos e iluminada face, pura luz, informando sua aura visível colorida que contornava seu mimoso e brilhante rosto: terá uma missa depois desta, disse em voz sonante própria dos querubins. E se retira. Sufocado agradece à paixão momentânea e inexplicável. Permanece extasiado. Em seguida acaba a missa, as pessoas se retiram. Esperando ver de novo aquela imagem que o fulminou repentinamente, colocando-o em outro espaço, seus olhos febris buscam inquietos aquele hino de doçura e beleza, com quem partiria de imediato para a desrazão. Em vão, era miragem, com certeza... Estava possuído daquelas paixões que chegam sem avisar e mexem com o interior, que fazem a vontade estar acima do cérebro, daqueles rostos que algumas vezes na vida se aproximam como anjos para despertar os mais profundos sentimentos, arrasadores, plenos, inigualáveis, surpreendentes...lascívia.

Dentro da Igreja o senhor vê o anjo passar de novo perto de si e dirigir-se para uma porta lateral. Acompanha com os olhos cativos a imagem que o fazia embevecido como uma caça que some sem ação do caçador. Era uma miragem, com certeza, pensou. Saiu calmamente da igreja pensando que poucas vezes na vida tinha sido tomado de tal emoção, mas o tempo o separava daquela dádiva do momento.