O Meu Amor por Duas Fêmeas
Evito o quanto posso tocar em assunto “espinhoso”, não gosto de polemizar sobre foro íntimo mas a subjetividade às vezes transcende a objetividade e aí, não tenho como evitar. Política, futebol e religião; sexo: bigamia e poligamia; arte e cultura... Dialogo sobre gostos, preferências! Pois é, gosto não se discute. Ou como costumava dizer um amigo, “mal gosto não se discute”. Os temas são vastos. Então o dito popular em "boca fechada não entra mosquito" é um sábio conselho. Mas é uma posição insustentável, algumas vezes. Há momentos em que precisamos nos posicionar e não sou de ficar em cima do muro, ora bolas! Defendo com unhas e dentes minhas posições, porém, sem sectarismo. Mas quando o assunto é amor, a história é outra.
Confesso o meu amor por duas fêmeas. Tenho muita dificuldade de dizer não, quando entra sentimentos de amor entre seres humanos. A ruptura, muitas vezes necessária, é sempre difícil. Algumas pessoas dizem eu te amo com facilidade! Tenho um misto de admiração e ojeriza aos que iniciam uma relação e rompem com facilidade.
Em política minha posição é de esquerda democrática. Mesmo sabendo que o futebol é o ópio do povo, torço sem fanatismo, pelo Atlético Mineiro. Abomino a homofobia. Não tenho religião, e feitas as exceções de praxe, são grupos com objetivos duvidosos. E acho que os evangélicos têm direito de fazer política! Entretanto alguns templos foram erigidos [fachadas] para sonegação fiscal e em busca de ganhar um dinheiro fácil, além de outras atividades, que nada têm a ver com a transcendência.
Ah, o amor! Sentimento universal. Não há quem escape. Aprendi com a literatura humanista a amar a humanidade inteira. Acredito que as mulheres transformarão o mundo. Elas têm algo mais que os homens e seremos pessoas melhores em um futuro não muito distante. Apesar da realidade violenta e corrupta apontar em sentido inverso. Vejo nas mulheres a construção de novos paradigmas. Sou um irremediável otimista. Não vou entrar em detalhes, porque esta breve crônica é para falar sobre do meu imenso amor por duas fêmeas. Sei que posso ferir a sensibilidade de algumas pessoas, mas a bigamia é hipócrita, pois o que vemos na prática é a poligamia. Ou estou equivocado?
Amo Luara e Lola. Luara apareceu em minha vida por conta de um lapso de memória. Não morava no Ponto Cósmico, a chácara em Esmeraldas, município da região metropolitana de Belo Horizonte. Certo dia, ao ir até lá, para uma inspeção e um breve passeio, na hora de retornar à minha residência em Contagem, esqueci a chave da casa da chácara, pendurada na porta de entrada. Pelo menos, os assaltantes não precisariam arrombar a porta. Na metade do caminho me dei conta da “lambança”. Tive de voltar. A chave estava lá, do jeito que deixei. Peguei-a mas nesse momento uma amiga, vinda de Curitiba, que perdera nosso endereço em Contagem e os telefones e sabia da chácara, apareceu. Nas mãos, uma filhota de cocker spaniel negra como brasa queimada, abanando um toquinho de rabo. Foi amor à primeira vista. Hoje Luara é uma senhora com seus oito anos, creio, mãe de três gerações. Lola faz parte da última geração e com Luara, são as duas fêmeas que amo. Mas estou preparado para amar outras.
Obs.: esta crônica foi escrita lá pelos idos de 2005. Luara faleceu no Natal de 2015. Lola doada a um casal de amigos.